As Contradições
Inconciliáveis do Novo Testamento:
O Problema da
Genealogia de Jesus em Mateus e Lucas Uma das bases da crença religiosa na
divindade de Jesus e na sua relação com as profecias do Antigo Testamento é o
fato de ele vir de uma linhagem real, afinal, o Novo Testamento parece afirmar
que ele descende do Rei Davi. Mas uma análise detalhada da Bíblia mostra que
essa afirmação não pode ser feita de forma segura, nem mesmo no âmbito da fé.
As Contradições em Lucas e Mateus Nos evangelhos de Mateus e Lucas, existe toda
uma genealogia de Jesus, mostrando que ele possui sangue real, sendo
descendente de Davi. Mas existe um problema simples nessa história, mas que
acaba causando sérios problemas: as duas genealogias não concordam entre si.
Mateus leva a regressão da família de Jesus até Abraão, enquanto Lucas regride
até Adão (!).
Bom, à primeira vista isso não representa
sérios problemas, afinal, uma genealogia só vai mais atrás ao tempo do que a
outra. Nada demais. Agora, confira uma parte do esquema da genealogia em
Mateus, depois em Lucas: Mateus: José – Jacó – Eleazar – Matã – Eliud Lucas:
José – Eli – Matat – Levi – Melqui
Essa foi só uma ilustração em que não é de
suma importância saber a relação específica entre os indivíduos, mas note que elas
diferem mesmo assim. Agora, note outra característica, dessa vez no evangelho
de Mateus, que revela outra inconsistência. Já disse aqui que a genealogia de
Mateus nos leva até a geração de Abraão;, mas o interessante é que usa marcos
significativo da história de Israel, marcando entre cada um deles 14 gerações
(Mateus 1:17). Observe: De Abraão a Davi, o maior Rei de Israel (14 gerações).
De Davi até a destruição de Judá pelos
babilônios, a maior tragédia em Israel (14 gerações) Da destruição ao nascimento
de Jesus (14 gerações) Analisando criticamente, podemos encontrar uma série de
falhas. Mateus usa como uma de suas fontes, a Bíblia hebraica, assim lendo esse
livro estará lendo a base de alguns escritos do evangelho de Mateus. Na
descrição que vai de Davi até a tragédia provocada pelos babilônios, Mateus
deixa alguns nomes de fora que constam no Antigo Testamento.
Além disso, no
terceiro marco existem 13 gerações, e não 14. O Significado das Diferenças
Quando se trata de diferenças entre versões de textos antigos, devemos levar em
conta algumas possibilidades que se encaixam no modo como esses textos eram
produzidos. Antes de os copistas altamente qualificados da Igreja Católica
assumirem a responsabilidade pela maioria das cópias de textos, eles eram
copiados por devotos cristãos e judeus, na maioria das vezes analfabeta. Isso,
naturalmente, significa que a probabilidade de essas cópias saírem perfeitas é nula,
ou quase isso.
Aliado a esse fator, temos também o fato de
que a atividade de copiar longos textos era uma tarefa cansativa e não raro,
acontecia de os copistas pularem linhas, trocarem palavras ou omitirem alguma,
mesmo sem querer. Agora, consideremos uma versão modificada dos últimos tipos
de erros: muitas vezes, palavras, linhas e trechos inteiros eram omitidos,
trocados ou modificados por interesse ideológico do copista. Com base nessas
informações, já é possível compreender um pouco melhor o motivo pelo qual a
diferença na extensão das genealogias ocorreu. Não é por acaso que a de Mateus
vá até Abraão e a de Lucas, até Adão. Responda rápido: quem foi Abraão? Se você
pensou suficientemente rápido e corretamente, deve ter respondido que Abraão
foi o primeiro judeu, o patriarca do judaísmo. Agora, tente responder rápido
quem foi Adão, segundo as religiões monoteístas. Adão foi o primeiro ser
humano, e, diferentemente de Abraão, ele não era judeu. Baseado nessas
interpretações, você está pronto para esboçar uma explicação.
A provável razão para essas diferenças é que o
evangelho de Mateus – como várias outras partes nos levam a crer – é o
evangelho mais pró-judaísmo do Novo Testamento. Portanto, para reforçar o
judaísmo de Jesus, ele cria um marco na genealogia do nazareno, que é o fim da
genealogia no primeiro judeu, Abraão.
E em relação a Lucas? Bom, sabemos que Lucas
era companheiro de Paulo em suas pregações, portanto, tratasse de um homem que
não conheceu Jesus, e que seguia um homem – Paulo – cuja mensagem tentava
direcionar o cristianismo à humanidade (gentios), não preferencialmente aos
judeus. Assim, a ênfase da genealogia de Jesus em Lucas recai sobre Adão, que é
um homem até então sem uma religião específica, para todos os efeitos, um
gentio. Isso faz com que o foco do leitor não mais recaia sobre o fato de Jesus
ser judeu e pregar para judeus, mas para o teor universal de sua mensagem.
Agora, sobre as 14 gerações que Mateus faz
questão de pontuar, mesmo através de omissões e outras modificações, por que
exatamente ele usa o número 14? Por que não 10, por exemplo? O que os teólogos e
historiadores que se dedicam a esse ponto em específico concluem é que o número
14 tem relação com o significado do número 7, que para os judeus é um número
sagrado. Portanto, 14 são duas vezes sagrado, já que é o dobro de 7. Assim,
Mateus quis ressaltar o significado numerológico das gerações no sentido de que
a cada 14 gerações um evento importante acontecia, e na última, o evento
importante é o nascimento de Jesus. Um Problema Fundamental Por último gostaria
de ressaltar um problema que está na nossa fuça o tempo todo, mas de tão óbvio,
poucos reparam.
Fui alertado
para esse problema há um tempo, mas até hoje penso em como não reparei nisso
antes. Trata-se do seguinte: os evangelhos de Lucas e Mateus nos dizem que
Jesus é descendente de Davi, e para isso indicam a genealogia de Jesus, tendo
como referencial seu pai, José. Mas uma das ideias centrais do cristianismo não
é a de que Jesus nasceu de uma virgem, e que seu verdadeiro pai é Javé? Sendo
assim, como que Jesus pode ser descendente de Davi por intermédio de José, que
não é seu verdadeiro pai? Essa questão parece ser tão perturbadora que os
poucos religiosos com os quais conversei sobre isso, não conseguiram me dar uma
explicação coerente. E você, o que acha?
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