quinta-feira, 31 de março de 2016

O Messias judeu

O Messias judeu

O Messias judeu e por que ele não é Jesus Os missionários cristãos, como judeus para Jesus, professam que Jesus é o Messias judeu. Por que o judaísmo rejeitou essa alegação por 2.000 anos? O conceito do Messias tem o seu fundamento em nossa Bíblia Judaica, o Tanach, que ensina que todos os seguintes critérios devem ser cumpridos antes de qualquer pessoa pode ser reconhecido como o Messias :
 ● O Messias deve ser f rom da Tribo de Judá e descendente do rei Davi E Rei Salomão O Messias deve ser um membro da tribo de Judá (Gênesis 49:10) e um descendente direto do rei David e Salomão (2 Samuel 7: 12­14; 1 Crônicas 22: 9­10). Genealogia na Bíblia só é passada de pai para filho (Números 1: 1­18). Não há nenhuma evidência de que Jesus realmente tinha esse pedigree, e a Bíblia cristã, na verdade, afirma que ele fez não tem um "nascimento pai" da tribo de Judá, descendente do rei Davi e Salomão (Mateus 1: 18­20.).
● Colheita dos exilados judeus Quando o Messias está reinando como Rei de Israel, os judeus serão ingathered de seu exílio e vai voltar a Israel, sua terra natal (Deut 30:. 3; Isaías 11: 11­12; Jeremias 30: 3, 32:37, Ezequiel 11:17, 36:24). Isto claramente não aconteceu ainda e que ainda aguardam seu cumprimento.
● A reconstrução do Templo Sagrado O Templo de Jerusalém será reconstruído (Isaías 2: 2­3, 56: 6­7, 60: 7, 66:20, Ezequiel 37: 26­ 27; Malaquias 3: 4.; Zc 14: 20­21). O templo ainda estava de pé nos dias de Jesus. Foram destruídos 38 anos depois da crucificação de Jesus e ainda não foi reconstruída.
 ● Worldwide Reign of Peace Haverá desarmamento universal e da paz em todo o mundo com um fim completo à guerra (Miquéias 4: 1­4; Oséias 2:20; Isaías 2: 1­4, 60:18). Guerras têm aumentado dramaticamente em todo o mundo desde o início do cristianismo. 85
● Observância da Torah Abraçado por todos os judeus O Messias reinará como rei em uma época em que todo o povo judeu vai observar os mandamentos Divinos (Ezequiel 37:24; Dt 30: 8,10; Jeremias 31:32, Ezequiel 11: 19­20., 36: 26 e 27). Jesus nunca governou como rei, nem ter todos os judeus abraçaram os mandamentos de Do G­d Torah.
● Universal conhecimento de D'us O Messias vai governar em uma época em que todas as pessoas do mundo virão a reconhecer e servir ao único e verdadeiro Deus (Zacarias 3: 9 8: 23,14: 9,16; Isaías 45:23, 66:23, Jeremias 31:33, Ezequiel 38:23, Salmo 86: 9; Zefir. 3: 9). Este, assim, ainda não aconteceu e aguardamos o seu cumprimento.
● Um Retrato bíblico do Messias Todos esses critérios para o Messias são encontrados em vários lugares na Bíblia judaica. Um exemplo é fundamental no livro de Ezequiel, capítulo 37: 24­28: “24 E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor, e andarão nos meus juízos, e guardareis os meus estatutos, e observá-los 25 e eles viverão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais viveram; e eles viverão lá, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e o meu servo David será seu príncipe eternamente. 26 Farei uma aliança de paz com eles; será uma aliança eterna, que eu vou dar-lhes; e vou multiplicá-los, e porei o meu santuário no meio deles para sempre 27 e meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 28 E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifica Israel, quando o meu santuário no meio deles para sempre.” Qualquer um pode reivindicar ser o Messias ou um grupo de pessoas pode reclamar que alguém é o Messias. No entanto, se essa pessoa não cumprir todos os critérios encontrados na Bíblia judaica, ele não pode ser o Messias. De acordo com as escrituras cristãs, Jesus parece ter entendido isso. Como ele estava sendo crucificado pelos romanos, ele gritou "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46).
● A refutação Christian A fim de lidar com o fracasso de Jesus para cumprir as profecias messiânicas bíblicos, os missionários argumentam que ele vai realizá-los, quando ele retorna no futuro. É importante compreender que esta segunda doutrina vinda é uma admissão de que Jesus não cumpriu os critérios messiânicos.
Este zação racionamento por seu fracasso certamente fornece nenhuma razão para aceitá-lo como o Messias hoje. Além disso, a Bíblia judaica não tem um messiânico "parcelamento", aonde o Messias vier falhar em sua missão, e depois retorna milhares de anos depois de finalmente ter sucesso.
Os missionários afirmam que, porque Jesus fez milagres, ele deve ser o Messias. No entanto, nós não temos nenhuma evidência real de que Jesus realmente realizou nenhum milagre. Mais signific­antly, mesmo que Jesus fez milagres, eles não provam que ele era o Messias. Nossa Bíblia nunca diz que vamos ser capazes de reconhecer o Messias através dos milagres que ele vai fazer. A Torá realmente ensina que mesmo os falsos profetas podem ter a capacidade de fazer milagres sobrenaturais (Deut 13:. 2­6).
● O Verdadeiro Messias Nós, judeus, preferem esperar a "coisa real" de acordo com as promessas e as diretrizes de D'us. A Bíblia judaica fornece uma descrição clara e consistente do que o mundo olhará como quando o Messias vier e isso tem claramente ainda não transpareceu. Assim, ainda esperamos a vinda do verdadeiro Messias. Ele e um mundo utópico podem vir em breve! 

terça-feira, 29 de março de 2016

'A', Ilu

'A', Ilu

O principal deus dos semitas do Levante foi 'El, ou seja, Deus, palavra semita familiar para nós como um dos títulos do único e verdadeiro Deus da Bíblia. Palavra semita El significa forte, poderosa. É por isso que algum traduz-lo e compreendê-lo dessa forma, o poderoso, o forte, o único com o poder. Ele é chamado o criador de todas as coisas produzidas e pai da humanidade.
'A, é, portanto, o criador original do panteão semita, embora atualmente não tenha uma história ou criação relacionada à área específica desta divindade. 'El, também era o Rei e Cabeça da montagem ou conselho dos deuses, embora ele não seja biologicamente o pai de todos os orixás sob sua soberania. Apesar de sua posição como criador, 'El, era uma divindade bastante inativo.
 É descrito como um velho barbudo e em muitas histórias que foram preservadas, é descrito como sentado em sua sala de estarem na sua montanha, entre os dois rios que são a fonte de oceano do mundo. Apesar de ter sido um pouco distante, e, geralmente, não foi diretamente perto, 'El, forte, poderoso e sábio. Ele também é thoru'Ilu o Deus Touro, identificado com este animal por sua resistência e imutabilidade. Em todas as circunstâncias, 'The preserva sua dignidade. 's nome deus' El ou “Ilu em caracteres hebraicos antigos semitas e, e sua transliteração espanhola”. 'El, no entanto, não é um nome, mas um substantivo comum que tem a forma um título comum para todos os deuses semitas.
O Deus muito real, Senhor, nas Escrituras, também detém este título, 'El, Deus. Mas Deus não é, como se sabe, o nome próprio, mas um dos títulos de Deus: O Senhor é o nome pessoal e próprio de Deus que são, por definição e própria doutrina da Escritura, o Único. “O, era conhecido em todo o Levante, ou seja, na área de largura situada entre o Eufrates e do Tigre, mas era adorado em toda a Mesopotâmia e grandes áreas de Anatólia e através da Arábia, na forma ‘Ilu, que é, basicamente, a mesma palavra”.
 Aparentemente, os hurritas adotou em seu panteão, sob o nome Kumarbi, que é atestada em documentos e monumentos, incluindo a capital hitita, Hattussas, próximo moderna cidade turca de Boghazkoy na Anatólia Central. Enfim, você deve ter apresentar sempre que 'El ou "Ilu, Deus / deus é apenas um substantivo comum, mas um título, nunca um nome, como Baal, Astarote, Dagon, etc Common'El epítetos
• El Toro El / Deus ­ thoru'ilu
• As fontes dos dois rios ­'ilu mabbukê naharêmi em meio
• As fontes de dois oceanos 85 Divas Caires ­'ilu'apigê qirba tihamatêmi
 • pai da humanidade ­'abi'adamu
 • O Criador Criaturas ­ baniyu banawati
• O Ageless que Ele nos criou ­ dordoru dykeninu
 • Clemente, o Merciful'El ­ lutipanu'ilu du pa'idu
• O Rei, o Pai dos anos / horas ­ malik'abi Shanima / shunemi títulos bíblicos incluídos:
 • 'abi'ad = Pai Eterno ". El Eterno ou Deus Eterno, ou o Deus Eterno
• 'el` olam, Deus = / • `Attiq Yomin / yomayya '= Ancião dos Dias Todos estes epítetos refletem claramente que deu esse deus em Ugarit e características atribuídas a ele. Porque há muitas semelhanças no fraseado sobre esta e outras divindades nos documentos de Ugarit, especialistas negado anteriormente que Israel tinha conhecido antes de escrever do século X é usado. BC, agora dizer que todo o pensamento religioso israelita, e até usou os hinos em forma de Salmos, são cópias dos costumes e costumes religiosos ugaríticos. Obviamente, a um e outro não pode suportar a menor atenção, porque não se pode negar que os desenvolvimentos culturais e religiosos que têm pontos de contato no uso da língua entre duas bonitas aldeias vizinhas de e vizinhos e também falam a mesma língua.
O oposto também é supor e considerar as pessoas daqueles tempos como incapazes de expressar exceto em termos de cópia. E, se isso fosse verdade, como provar que os israelitas copiou o ugarítico?
 E se fosse o contrário? E por que não poderia ser de que Israel representou alta cultura que foi objeto de cópia? Afinal, os israelitas saíram do Egito, o berço da mais alta civilização então prevalecente no Levante e, de uma forma ou de outra, as suas realizações, obviamente, desenvolvido a partir da cultura e da civilização egípcia, deve ser objeto de cópia, adaptação e adoção por outros povos da região, especialmente porque o sistema de escrita introduzido na terra de Canaã era muito mais fácil, tanto para escrever e ler e gravar e preservar os sistemas acadiano (aprendizagem que requer uma infinidade de formas e ideogramas personagens estilizados em tabuletas de argila frescos que depois devem ser cozidas em um forno de preservar, e o carro não estava muito certo, dada a fragilidade do material) e egípcios (que exige anos de treinamento e A aprendizagem também enormíssima quantidade de glifos (além de ter papiro, que geralmente vêm de próprio Egito). aprender o sistema israelita precisou de menos de trinta personagens consoantes e poderia ser escrito sobre pele, papiro, em madeira, em tabuletas de argila, ou o que estava disponível, incluindo pedra ou metal, com muito mais facilidade

domingo, 27 de março de 2016

As Contradições Inconciliáveis do Novo Testamento:



As Contradições Inconciliáveis do Novo Testamento:
O Problema da Genealogia de Jesus em Mateus e Lucas Uma das bases da crença religiosa na divindade de Jesus e na sua relação com as profecias do Antigo Testamento é o fato de ele vir de uma linhagem real, afinal, o Novo Testamento parece afirmar que ele descende do Rei Davi. Mas uma análise detalhada da Bíblia mostra que essa afirmação não pode ser feita de forma segura, nem mesmo no âmbito da fé. As Contradições em Lucas e Mateus Nos evangelhos de Mateus e Lucas, existe toda uma genealogia de Jesus, mostrando que ele possui sangue real, sendo descendente de Davi. Mas existe um problema simples nessa história, mas que acaba causando sérios problemas: as duas genealogias não concordam entre si. Mateus leva a regressão da família de Jesus até Abraão, enquanto Lucas regride até Adão (!).
 Bom, à primeira vista isso não representa sérios problemas, afinal, uma genealogia só vai mais atrás ao tempo do que a outra. Nada demais. Agora, confira uma parte do esquema da genealogia em Mateus, depois em Lucas: Mateus: José – Jacó – Eleazar – Matã – Eliud Lucas: José – Eli – Matat – Levi – Melqui
 Essa foi só uma ilustração em que não é de suma importância saber a relação específica entre os indivíduos, mas note que elas diferem mesmo assim. Agora, note outra característica, dessa vez no evangelho de Mateus, que revela outra inconsistência. Já disse aqui que a genealogia de Mateus nos leva até a geração de Abraão;, mas o interessante é que usa marcos significativo da história de Israel, marcando entre cada um deles 14 gerações (Mateus 1:17). Observe: ­ De Abraão a Davi, o maior Rei de Israel (14 gerações).
 De Davi até a destruição de Judá pelos babilônios, a maior tragédia em Israel (14 gerações) ­ Da destruição ao nascimento de Jesus (14 gerações) Analisando criticamente, podemos encontrar uma série de falhas. Mateus usa como uma de suas fontes, a Bíblia hebraica, assim lendo esse livro estará lendo a base de alguns escritos do evangelho de Mateus. Na descrição que vai de Davi até a tragédia provocada pelos babilônios, Mateus deixa alguns nomes de fora que constam no Antigo Testamento.
Além disso, no terceiro marco existem 13 gerações, e não 14. O Significado das Diferenças Quando se trata de diferenças entre versões de textos antigos, devemos levar em conta algumas possibilidades que se encaixam no modo como esses textos eram produzidos. Antes de os copistas altamente qualificados da Igreja Católica assumirem a responsabilidade pela maioria das cópias de textos, eles eram copiados por devotos cristãos e judeus, na maioria das vezes analfabeta. Isso, naturalmente, significa que a probabilidade de essas cópias saírem perfeitas é nula, ou quase isso.
 Aliado a esse fator, temos também o fato de que a atividade de copiar longos textos era uma tarefa cansativa e não raro, acontecia de os copistas pularem linhas, trocarem palavras ou omitirem alguma, mesmo sem querer. Agora, consideremos uma versão modificada dos últimos tipos de erros: muitas vezes, palavras, linhas e trechos inteiros eram omitidos, trocados ou modificados por interesse ideológico do copista. Com base nessas informações, já é possível compreender um pouco melhor o motivo pelo qual a diferença na extensão das genealogias ocorreu. Não é por acaso que a de Mateus vá até Abraão e a de Lucas, até Adão. Responda rápido: quem foi Abraão? Se você pensou suficientemente rápido e corretamente, deve ter respondido que Abraão foi o primeiro judeu, o patriarca do judaísmo. Agora, tente responder rápido quem foi Adão, segundo as religiões monoteístas. Adão foi o primeiro ser humano, e, diferentemente de Abraão, ele não era judeu. Baseado nessas interpretações, você está pronto para esboçar uma explicação.
 A provável razão para essas diferenças é que o evangelho de Mateus – como várias outras partes nos levam a crer – é o evangelho mais pró-judaísmo do Novo Testamento. Portanto, para reforçar o judaísmo de Jesus, ele cria um marco na genealogia do nazareno, que é o fim da genealogia no primeiro judeu, Abraão.
 E em relação a Lucas? Bom, sabemos que Lucas era companheiro de Paulo em suas pregações, portanto, tratasse de um homem que não conheceu Jesus, e que seguia um homem – Paulo – cuja mensagem tentava direcionar o cristianismo à humanidade (gentios), não preferencialmente aos judeus. Assim, a ênfase da genealogia de Jesus em Lucas recai sobre Adão, que é um homem até então sem uma religião específica, para todos os efeitos, um gentio. Isso faz com que o foco do leitor não mais recaia sobre o fato de Jesus ser judeu e pregar para judeus, mas para o teor universal de sua mensagem.
 Agora, sobre as 14 gerações que Mateus faz questão de pontuar, mesmo através de omissões e outras modificações, por que exatamente ele usa o número 14? Por que não 10, por exemplo? O que os teólogos e historiadores que se dedicam a esse ponto em específico concluem é que o número 14 tem relação com o significado do número 7, que para os judeus é um número sagrado. Portanto, 14 são duas vezes sagrado, já que é o dobro de 7. Assim, Mateus quis ressaltar o significado numerológico das gerações no sentido de que a cada 14 gerações um evento importante acontecia, e na última, o evento importante é o nascimento de Jesus. Um Problema Fundamental Por último gostaria de ressaltar um problema que está na nossa fuça o tempo todo, mas de tão óbvio, poucos reparam.

Fui alertado para esse problema há um tempo, mas até hoje penso em como não reparei nisso antes. Trata-se do seguinte: os evangelhos de Lucas e Mateus nos dizem que Jesus é descendente de Davi, e para isso indicam a genealogia de Jesus, tendo como referencial seu pai, José. Mas uma das ideias centrais do cristianismo não é a de que Jesus nasceu de uma virgem, e que seu verdadeiro pai é Javé? Sendo assim, como que Jesus pode ser descendente de Davi por intermédio de José, que não é seu verdadeiro pai? Essa questão parece ser tão perturbadora que os poucos religiosos com os quais conversei sobre isso, não conseguiram me dar uma explicação coerente. E você, o que acha?

sexta-feira, 25 de março de 2016

A História de Chanucá


 A Ocupação Síria Há mais de 2000 anos, o rei selêucida Antiochus III governava Israel. A princípio, ele tratava com bondade os judeus e lhes dava alguns privilégios;, porém quando os romanos o derrotaram, Antiochus forçou os povos de seu império a fornecerem o ouro necessário para pagar os tributos romanos. Seu filho e sucessor, Seleucus IV, continuou a opressão. Porém o pior conflito causado pela ocupação síria de Israel veio de dentro, com o crescimento do poder dos judeus "helenistas", que adotaram a cultura grega idólatra. O Cohen Hagadol, Sumo Sacerdote, Yochanan, previu o perigo dessa influência.
Enfurecidos por essa oposição, os helenistas tentaram fomentar o conflito entre o Rei Seleucus e Yochanan. "Louco!" Logo, Seleucus foi assassinado e seu irmão Antiochus IV tornou-se rei. Um tirano cruel, Antiochus zombava da liberdade religiosa. Era chamado "Epifânio" (amado pelos "deuses"), porém um historiador contemporâneo, Polebius, chamou este rei perverso de "Epimanes", que significa "louco". Esperando impôr uma religião e cultura comuns, Antiochus negou a liberdade religiosa aos judeus, suprimindo a Lei da Torá.
Ele instalou o irmão de Yochanan em seu lugar, o helenista Jason, como ele chamava a si mesmo em grego – que passou a divulgar os costumes gregos no sacerdócio. No entanto, seu amigo helenista Menelau expulsou Jason. Enquanto isso, Antiochus empreendeu uma guerra bem-sucedida contra o Egito. Roma exigiu que ele parasse, e ele cedeu.
 Em Jerusalém, nesse interim, espalharam-se boatos da morte acidental de Antiochus, e o povo se rebelou contra Menelau, que fugiu. Mártires Antiochus soube DA rebelião em Jerusalém; já furioso por ter suas ambições frustradas no Egito, enviou seu exército para atacar os judeus, matando milhares. Emitiu então decretos severos proibindo a religião judaica, confiscando e queimando Rolos de Torá.
Guardar o Shabat, realizar a circuncisão e cuidar as leis dietéticas eram agora castigadas com a morte. Apegando-se à sua fé, milhares de judeus sacrificaram a própria vida.
O que é Chanukah?
Os judeus guardam o feriado por oito dias em honra á vitória histórica dos Macabeus e ao milagre do óleo. A palavra hebraica Chanuká quer dizer "dedicação." No segundo século antes de Cristo, o regime sírio Greco de Antiocus procurava afastar os judeus do Judaísmo com as esperanças de assimilá-los ao helenismo, a cultura Grega.
 Antiocus proibiu aspectos da observância judaica, incluindo o estudo da Torá, o que enfraquecia a fundação da vida e prática judaica. Durante este período, muitos dos judeus começaram a assimilar-se à cultura grega, passando a possuir Matityahu…
Por fim, os soldados de Antiochus chegaram à aldeia de Modi’in. Construíram um altar na praça principal e exigiram que Matityahu, um sacerdote idoso e líder da comunidade, oferecessem sacrifícios aos deuses gregos. Ele recusou, professando a lealdade do seu povo ao pacto de D’us com Israel. Quando um judeu helenista aproximou-se para oferecer um sacrifício, Matityahu agarrou a espada e matou-o. Seus filhos e seguidores mataram muitos invasores e perseguiram os restantes, depois destruíram o altar.
 Matityahu sabia que Antiochus certamente enviaria soldados; então ele e um bando de seguidores fugiram rumo às colinas da Judéia. …e filhos À beira da morte, Matityahu conclamou seus filhos a continuarem sua luta. Um irmão, Shimon "o Sábio", os guiaria; outro os lideraria na guerra, Yehudá, "o Forte" – chamado Macabeu, um acrônimo do hebraico "Mi Camocha Ba’e­lim Hashem" – "Quem é como Tu, ó D’us". Antiochus enviou Apolônio para eliminar os Macabeus.
 Embora maior e mais bem equipado, o exército de Apolônio foi derrotado pelos Macabeus, que agora derrotavam uma tropa síria atrás da outra. Antiochus decidiu mostrar seu poder militar para esmagar o corajoso pequeno bando de judeus. Mais de 40000 soldados sírios foram enviados à luta.
Após uma série de batalhas, os Macabeus venceram! Uma pequena ânfora Em seguida, os Macabeus foram libertar Jerusalém. Tiraram do Templo os ídolos ali colocados pelos sírios. Construíram um novo altar, consagrado a 25 de Kislêv de 3595 (165 AEC). Os sírios tinham roubado a Menorá de ouro do Templo, portanto os Macabeus imediatamente fizeram uma nova, porém de metal menos nobre. Embora o azeite impuro pudesse ser usado para acender a lamparina do Templo se necessário, eles insistiram em usar apenas a única ânfora de azeite com o selo do ultimo Sumo Sacerdote justo, Yochanan.
Aquela pequena e única ânfora, contendo azeite somente para um dia, durou os oito dias, conforme comemoramos todos os anos: os Oito Dias de Chanucá.
Nomes gregos e até a casarem-se com não judeus. Em resposta, um grupo de colonos judeus levou para as colinas de Judéia uma revolta contra esta ameaça para a vida judaica. Liderados por Matitiahu, e mais tarde pelo seu filho "Judá, o Macabeu", este pequeno grupo de piedosos judeus comandaram uma guerra contra o exército sírio. Antiocus enviou milhares de tropas bem armadas para esmagar a rebelião, mas os Macabeus venceram e tiraram os estrangeiros da sua terra. Os lutadores judeus entraram em Jerusalém em dezembro, 164 A.C. O Templo Sagrado estava destruído, sujo e profanado pelos soldados estrangeiros.
Eles limparam o Templo e reinaugurara-lo no 25° dia do mês judaico de Kislev. Quando chegou o tempo de iluminar novamente a Menorá, procuraram no Templo inteiro, mas só encontraram um jarro pequeno de óleo com a autentificarão do Sumo Sacerdote. Milagrosamente, o pequeno jarro de óleo queimou por oito dias, até que um novo suplemento de óleo pôde ser trazido.
Daí em diante, os judeus guardam o feriado por oito dias em honra à histórica vitória e ao milagre do óleo. Hoje em dia, a observância de Chanuká é caracterizada pela iluminação de uma Menorá especial de Chanuká, com oito ramificações (mais uma vela ajudante), e se adiciona uma nova vela acesa todas as noites. Outros costumes incluem girar o dreidel (um pião com letras hebraicas nos lados), comer "comidas oleosas como latkes de batata (panquecas) e sufganiot (sonhos) (geléia donuts), e dar moedas de Chanuká (Chanuká gelt ) ás crianças. No Judaísmo, todos os dias é o dia dos pais e das mães.
 É um dos Dez Mandamentos, próximo do mandamento que nos manda acreditar em D´us e “não matar”. O Talmud diz que está é a mitzvá mais difícil de se cumprir. Mas, o que há de tão especial na mitzvá de honrar os pais? Muitas pessoas pensam que honrar os pais é como se fosse um pagamento pelo que fizeram por nós, como trocar as fraldas e pagar a escola. Actualmente, esta mitzvá foi dada á geração que passou 40 anos no deserto, onde D´us provia todas as necessidades do Povo. Os pais não alimentavam os seus filhos, pois tinham o maná para comer. Os pais não precisavam comprar roupa, pois cresciam com elas e também não havia necessidade de lavar roupas. Entretanto, esta foi a geração que esteve no Monte Sinai e ouviu D´us dizer: “Honre o seu pai e a sua mãe”.
 Aprendemos assim, uma grande lição: que não honramos os nossos pais pelo que nos deram ou porque foram bons pais. Muito além disso, honramos os pais por terem nos dado o presente da vida. Imagine a afogar-se e um estranho o salva. Fica em débito com essa pessoa a vida inteira. Por isso, devemos ser gratos pelos nossos pais, porque nos deram o presente da vida. O Talmud ensina que há três parceiros na formação de uma pessoa: o pai, a mãe e D´us. Se somos gratos aos pais por nos terem dado o presente da vida, então seremos muito gratos a D ´us por criar e sustentar o mundo todo, por nos dar o ar que respiramos, as flores e o solo em que andamos.
 Honrando as pessoas que nos deram a vida, aprendemos a não ser mal-agradecidos e desenvolvemos o valor de fazer bondade ao próximo. Com esta introdução, vamos à pratica de “como” honrar os pais. Como honrar os pais Há duas partes nesta mitzvá: Honre os seus pais (em hebraico, kibud av v 'eim) – que é os mandamentos positivos, o que sim devemos fazer. Venere os seus pais (em hebraico, morah) – que são os mandamentos negativos, ou seja, o que não devemos fazer. A maneira fundamental de honrar os pais é cuidar das suas necessidades, o que inclui, especificamente: Dar comida e bebida a eles, ajudar na preparação da comida e a fazer as compras.
 Ajudá-los a pagar as contas bancárias, ir ao banco, etc. Levá-los para onde precisarem ir, inclusive ao médico. Se possível, é preferível morar próximo dos pais, para melhor atender ás suas necessidades. Realmente, não há limites para esta mitzvá, o Talmud conta que Rabi Tarfon se inclinava para que a sua mãe subisse e descesse da cama. Devemos ligar e visitar os nossos pais frequentemente, de acordo com as suas necessidades e o horário que possuímos. Em geral, devemos ter consideração para entender o facto de que os pais têm uma preocupação natural pelos filhos. Tente mandar um e-mail ou telefonar, nem que seja por um minuto, a cada um ou dois dias.
E, especialmente quando estiver a viajar, avise ­os quando retornar, para que saibam que voltou bem para casa. Se os seus pais estão idosos e enfermos, o filho deve cuidar e organizar tudo para o seu devido cuidado, e, se os pais não podem pagar, o filho deve fazê-lo. E, é claro, não devemos deixar que os pais pensassem que são um peso na sua vida, ou que o facto de ajudá-los seja uma obrigação para si. Como gratificação adicional, quando os seus filhos virem o cuidado que tem para com os seus pais, irá aprender a importância desta mitzvá. Isto é, a vez deles cumprirem a mitzvá com os seus pais. Admiração À honra aos pais vai muito além do que simplesmente fazer “favores”. Um princípio desta mitzvá é admirar os seus pais e considerá-los pessoas eminentes. Como, por exemplo, se por acaso ouvir pessoas a falarem de forma negativa sobre os seus pais, é a sua função falar e defendê-los perante as pessoas á sua volta. Devemos, mais do que isso, fazer um esforço específico para amar os nossos pais, a ponto de acharmos que são os nossos heróis! Mas, como alcançamos isto? A definição da palavra amor é: “o prazer de identificar pessoas com as suas virtudes”. Assim, deve descobrir as qualidades que fazem dos seus pais pessoas extraordinárias, entre as outras.
Quanto mais ciente estiver das suas virtudes, mais irá apreciá-los e honrá-los. Embora algumas vezes não desenvolver este chamado “amor”, a obrigação de honrá-los continua. O Talmud sugere outros caminhos para reforçar a admiração: Se precisar de um favor, como, por exemplo, consertar o silenciador do seu carro, o mais rápido possível, deve pedir ao mecânico para que faça “como um favor aos seus pais”. Mesmo que o mecânico o conserte por si, falar desta forma aumenta a estima pelos seus pais aos olhos dos outros.
 Outra forma de admiração é se levantar quando os seus pais entram no quarto ou na sala. À primeira vista pode parecer estranho para uma sociedade moderna. Mas, imagine, se você estivesse na sala de reuniões e o diretor entrasse. Levantasse para saúdá-lo, o que é uma forma de respeito. Devemos acostumar a tratar os nossos pais da mesma forma, levantado para cumprimentá-los quando chegarem e levá-los até a porta quando saírem. Em geral, um filho deve satisfazer as vontades dos seus pais avidamente, porém há alguns limites: Se os pais pedirem aos filhos para fazer alguma coisa que viola as leis judaicas, o filho deve, respeitosamente, recusar-se. O filho pode discordar do pai quando ele lhe pede para fazer algo doloroso, humilhante e que causará uma grande perda financeira. De forma semelhante, o filho deve recusar-se a fazer algo que seja perigoso ou que não seja saudável para os pais. Há três áreas específicas, devido a sua natureza pessoal intensa, em que o filho não deve respeitar os desejos dos seus pais:
Na escolha de com quem se casará Maximizar o estudo da Torá Se quiserem mudar-se para Israel Temor e Reverência Além da mitzvá de honrar os pais, existe um segundo aspecto de temor e reverência. Os pormenores de como cumprir esta parte da mitzvá depende da sociedade em que vivemos. Mas o princípio básico é que deve haver linhas claras: "Eu sou o pai e você é meu filho. Nós não somos iguais". Alcançamos isto observando algumas diretrizes: Não se sentar na cadeira reservada para o seu pai ou mãe, como, por exemplo, não se sentar no seu lugar na mesa de jantar, e não se sentar na cadeira especial do seu pai (a menos que peça permissão).
Não contradiga nada que seu pai fale, mesmo que esteja obviamente errado. Você deve dizer como se fosse algo que não tivesse certeza: “Se eu não estiver errado, eu vejo de forma diferente”. Você não deve validar as palavras de seu pai quando ele está presente, como dizer “eu acredito no que diz”. (Porém, validar a opinião dos pais quando estes não estão presentes, faz com que você dê honra aos seus pais). Não chame os seus pais pelo seu primeiro nome. Numa situação em que for necessário dizer o nome dos pais, deve adicionar um título ao nome, como: “o meu pai chamasse senhor Joshua Goldberg”.
Não acorde os seus pais quando estiverem a dormir e não faça barulho que possa perturba­ lós. Um filho não deve ver os seus pais nus. Não levante a voz nem fale de forma desrespeitosa ou que humilhe os seus pais. Além disto, bater ou amaldiçoar os seus pais é uma transgressão extremamente séria. Às vezes, podem parecer desconfortável para os pais essas regras de honrar, especialmente quando devem ensinar aos filhos (e reforçar) aos filhos mais jovens. Mas, é importante ter em mente que muito mais do que honrar os pais, estaremos transmitindo aos nossos filhos boas características de carácter, dando-lhes estrutura para os relacionamentos futuros com amigos, colegas, filhos e com D´us.
Honra póstuma A obrigação de honrar os pais ainda permanece depois do seu falecimento. Quando nos referimos a um pai ou mãe que faleceram, devesse acrescentar uma expressão de honra, como no exemplo abaixo: "Meu pai, zichrono Li 'vrachá”, ou seja, de abençoada memória. (Para uma mãe, a primeira palavra é zichroná). "Meu pai, alav ha 'shalom”, que descanse em paz. (Para uma mãe, a primeira palavra é aleh 'há). Se a pessoa for casada e tiver filhos, der o nome dos seus parentes falecidos, como pais, avós e outros parentes são considerados uma honra para com os seus pais. Há também o costume separado de dar nomes dos parentes vivos. Outras formas de honrar os pais postumamente incluem:
Dar tzedaká em seu nome Recitar o Kadish nos primeiros 11 meses depois da morte, e em cada yurtzait (aniversário da morte) Fazer a oração de Yizkor nos feriados judaicos Acender uma vela em seu yurtzait (aniversário de morte) Segurar a Torá no yurtzait.
Aumentar o seu compromisso com a Torá e as Mitzvot é uma grande fonte de mérito para os seus pais, mesmo depois da morte. Os parentes Há também um número de parentes secundários que os filhos também têm a obrigação de honrar: Avós Sogros Padrastos e madrastas Irmãos mais velhos Tios e num caso de reivindicações conflituosas, a honra aos pais vem em primeiro lugar.
E, a obrigação de honrar os parentes não inclui os aspectos descritos em “temor e reverencia”, como não chamar pelo primeiro nome, não se sentar em seu lugar na mesa, etc. E, finalmente, todos os pais têm um desejo profundo de ver a sua família em paz um com o outro. Então, os filhos devem levar em consideração este desejo, e tomar cuidado, evitando brigas com irmãos e outros parentes, para não causar dor aos seus pais. Quando os pais são pessoas difíceis Na realidade os pais não são perfeitos. E muitos deles podem ser objetivamente problemáticos.
Porém, não importa o quão complicado seja o comportamento do pai, o filho deve honrá-lo e respeitá-lo. E esta regra também se aplica quando um pai biológico abandona o seu filho ou se é um pai rude, desagradável ou embaraçoso. O Talmud conta sobre uma mãe que cospe no rosto do seu filho, mas, mesmo assim o filho preserva a sua postura e continua a honrá-la. Ao mesmo tempo, enquanto a honra aos pais é uma tremenda mitzvá, também é preciso ser responsável pelo seu próprio bem-estar.

Não é permitido arriscar a sua saúde emocional ou física por causa dos seus pais. Então, se o filho não consegue lidar com o comportamento dos pais, é permitido que mantenha distância. Porém, a mitzvá ainda existe. Por exemplo, ainda é proibido usar o primeiro nome dos pais ou contradizê-los em público. E deve sempre ter consideração aos pais por terem lhe dado o presente da vida. Com certeza, tudo isto não isenta um pai que seja abusivo. Pelo contrário, os pais não devem ser excessivamente rigorosos com relação a sua honra, e podem até escolher privar-se dela quando apropriado. Os filhos são como joias que os pais possuem e devem, por sua vez, polir e educar. Aqueles que falham no seu dever de construir uma relação afetiva e amorosa com os seus filhos, pagarão um alto preço por esta negligência.

quarta-feira, 23 de março de 2016

PRA QUEM ACHA QUE JESUS NÃO E DIAGNOSTICO VAI ESSE ESTUDO...


Cristo em Nós”: Uma Mensagem Gnóstica de Natal Aquele que beber da minha boca se tornará como eu e eu serei ele”. Essa frase atribuída a Jesus no evangelho gnóstico de São Tomas encontrado no Egito há quase 70 anos é fonte de controvérsia por inspirar uma visão herética de Cristo e da sua missão aqui na Terra: Ele não veio nos “salvar”, mas nos “curar”, isto é, despertar Ele dentro de nós mesmos.
 O historiador e mitólogo Joseph Campbell no livro O Poder do Mito nos oferece uma didática interpretação dessa passagem do Evangelho de São Tomas. “Que blasfêmia”, teria observado um padre na plateia em uma conferência de Campbell. Claro, "somente um deus pode se equiparar a outro deus." Para além da sua figura histórica, como Mito, Jesus Cristo reflete nossas potencialidades espirituais, evocando poderes em nossas próprias vidas. Para Campbell é uma ideia potencialmente revolucionária: além da fé em Cristo suplantar a própria religião institucionalizada, significa, também, superar o nosso próprio ego ao voltarmos à raiz da palavra “religião”: religião, religar, onde a nossa vida isolada é ligada a uma vida una. Nessa entrevista no livro O Poder do Mito, Campbell explica melhor: MOYERS: Naturalmente, o âmago da fé cristã é que Deus está em Cristo e que essas forças elementares, das quais você está falando, encarnaram se em um ser humano, que reconciliou a humanidade com Deus.
CAMPBELL: Sim, e a ideia gnóstica e budista básica é aquela que é verdadeira tanto para você como para mim. Jesus foi uma pessoa histórica que percebeu em si mesmo que ele e o que ele chamou de Pai eram um só, e viveu o conhecimento do estado crítico em sua própria natureza. Lembro-me de certa vez em que estava dando uma conferência, na qual falei sobre viver a partir do sentido do Cristo em nós, e um padre que estava na plateia (como eu soube isso ai prova que zuis nada mais era do que um místico, um gnóstico, Roma fez uma salada e criou o gzuis que existe hoje). V
Irou se para a mulher ao seu lado e sussurrou: “Que blasfêmia!” MOYERS: O que você quer dizer com Cristo em nós? CAMPBELL: Quero dizer que você deve viver de acordo não com o sistema do seu próprio ego, dos seus próprios desejos, mas com aquilo que você poderia chamar senso de humanidade – o Cristo – em você. Há um pensamento hindu que diz: “Ninguém a não ser um deus pode adorar um deus”.
Você deve se identificar de algum modo, com o princípio espiritual, qualquer que seja que seu deus represente para você, a fim de venerá-lo adequadamente e viver de acordo com a palavra dele. MOYERS: Ao se discutir acerca do deus interior, o Cristo interior, a iluminação ou despertar que vem do interior, não há o perigo de nos tornarmos narcisistas, de sermos tomados por uma obsessão pelo próprio ego, o que pode levar a uma visão distorcida de nós mesmos e do mundo?
CAMPBELL: Isso pode acontecer claro. É uma espécie de curto circuito na trajetória. Mas o objetivo é ultrapassar a si mesmo e o conceito que se tem de si mesmo, para atingir aquilo de que não somos senão uma manifestação imperfeita. Ao termo de uma meditação, por exemplo, espera se que você distribua os benefícios advindos dela – quaisquer que sejam – a todos os seres vivos e ao mundo. Tais benefícios não podem ficar apenas para você. Veja, há dois modos de pensar “Eu sou Deus”. Se você pensa: “Aqui, em minha presença física e em meu caráter temporal, eu sou Deus”, então você está louco e provocou um curto circuito na experiência. Você é Deus não em seu ego, mas em seu mais profundo ser, onde você é uno com o transcendente não dual.

A palavra “religião” significa religião, religar. Diz-se que há uma única vida em nós ambos, então minha existência separada foi ligada à vida una religião, religada. Isso está simbolizado nas imagens da religião, que representam aquela união. (CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athena, 1990, p. 229­230). 

segunda-feira, 21 de março de 2016

Diabolôs e Daimon


Antes de prosseguir, é necessário fazer um adendo. Muitos religiosos gostam de inventar traduções adaptadas às suas necessidades para certas palavras, normalmente de maneira tosca e grosseira, mas que dependendo da erudição com que são colocadas, acabam enganando os desavisados. Uma das favoritas dos fanáticos religiosos é relacionar Daimon, Diabo ou Diabolôs com “Acusador” ou “Caluniador”.
Pois bem: Daimon ou Daimon significa “gênio” ou “espírito”. São os Anjos da Guarda da mitologia católica. Já Diabo vem de Diabolôs, cujo significado está atrelado a outra palavra bem conhecida: Símbolos. Diabolôs significa “Aquilo que nos separa” enquanto Símbolos significa “Aquilo que nos une”. Desta maneira, uma seita “diabólica” significa, no sentido correto da palavra, “uma seita que nos separa”. Já a relação entre símbolo e união é bem fácil: basta imaginar um time de futebol. O símbolo do time é o brasão que une os torcedores. Assim falou Zaratustra, às vezes chamado de Zoroastro, é o fundador do Zoroastrismo. Ele foi um verdadeiro iniciado, nascido na Pérsia cerca de 1.000 anos antes de Cristo.
Desde muito cedo, Zoroastro já demonstrava sabedoria fora do comum; aos 15 anos realizava valiosas obras religiosas e era conhecido e respeitado por sua bondade para com os pobres e pelo sistema religioso filosófico que criou. Seus sacerdotes, os Magi (sábios), eram vegetarianos, reencarnacionistas, espiritualistas e conheciam muito bem a astrologia. Zoroastro reformulou uma religião chamada Mazdeísmo, com uma visão mais positiva do mundo. Para entender melhor esta religião, precisamos estudar a estrutura social da época: os persas estavam divididos em três classes; os sacerdotes, os guerreiros e os camponeses. Os Ahuras (“senhores”) eram venerados apenas pela primeira classe, Mithra era um Ahura venerado na classe dos guerreiros; e os camponeses possuíam seus próprios deuses da fertilidade.
 O Zoroastrismo prega a existência de um Deus único, Ahura Mazda (“Divindade Suprema”), a quem se credita o papel de criador e guia do universo (Keter, na Kabbalah). Desta divindade emanam seis espíritos, os Amesas Spenta (Imortais Sagrados), que auxiliam Ahura Mazda em seus desígnios. São eles: Vohu­ Mano (Espírito do bem), Asa­ Vahista (Retidão suprema), Khsathra Varya (Governo Ideal), Spenta Armaiti (Piedade sagrada), Haurvatat (Perfeição) e Ameretat (Imortalidade). Estes seres travam uma batalha dentro de cada pessoa contra o princípio do mal: Angra Mainyu, por sua vez acompanhado de entidades malignas: O Mau pensamento, a mentira, a rebelião, o mau governo, a doença e a morte.
 A grande questão do bem e do mal, colocada por Zoroastro, se resolve DENTRO da mente humana. O bom pensamento cria e organiza o mundo e a sociedade, enquanto o mau pensamento faz o contrário. Esta opção é feita no dia-a-dia da pessoa e ninguém pode fazer uma opção definitiva, pois este é um processo dinâmico e progressivo. O nome Mithra (Sol) era visto como o “Deus da Luz”. Os vedas o chamavam de Varuna e os persas de Ahura Mazda. Zoroastro teve muitos problemas em tentar implementar a religião monoteísta, tentando se opor aos sacerdotes de Mithra e os sacrifícios sangrentos dos touros. Zoroastro foi assassinado por sacerdotes de Mithra no templo de Balkh. Após este período, o culto a Mithra floresceu. Seu dia sagrado, o Solis Invictus, é comemorado a 25 de Dezembro, mesma data do nascimento de Hórus e celebrando a “vinda da nova luz” (claro que não existia o dia 25 de dezembro com este nome, pois o calendário gregoriano só seria inventado muitos séculos depois; a data era calculada pelas luas e pelos astros para cair no Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano). Mithra era considerado o “Filho de Deus”; filho de Ahura Mazda, recebeu a incumbência de matar o touro primordial. Mithra nasce em uma gruta (lembram-se do que falamos nas outras colunas sobre cavernas, certas?) e o céu é sua casa.
Matar o touro é o motivo principal do culto mitraico. Isto é tão importante para compreendermos várias coisas dentro de diversas culturas que eu vou repetir: “matar o touro é o motivo principal da religião mitraica”. E tudo isto tem a ver com Astrologia e as precessões (você assistiu Zeitgeist, certo?). Então Mithra simboliza o signo de Áries (o guerreiro) substituindo o signo de Touro nas Eras Cósmicas. mithra Nos rituais Mitraicos, o boi era sacrificado e imolado (queimado), e sua carne e sangue eram oferecidos aos sacerdotes como oferendas de poder.
Eles também consumiam vinho e realizavam rituais sexuais, aonde através do sexo e do vinho, chegavam ao êxtase, ou a comunhão com Deus. Do culto a Mithra também surge à história do Minotauro, onde a cada ano, sete pares de jovens eram oferecidos em seu sacrifício (representando os sete pecados capitais – falaremos mais sobre isto no futuro). Teseu, o guerreiro (Áries), encontra o caminho do labirinto e mata o Minotauro (touro), restaurando a paz. A lenda de Teseu é uma derivação iniciativa dos cultos a Mithra. Outro aspecto cultural derivado do Mitraismo são as touradas.
Nela, o guerreiro entra em uma arena (a arena representa a Terra) e precisa derrotar em combate o touro, tal qual Mithra fez com o touro primordial. No final da batalha, o touro é imolado e servido como banquete aos sacerdotes e guerreiros da irmandade. Na bíblia temos referência ao touro quando Moisés desce do monte Sinai com os mandamentos (Kabbalah) e depara com os sacrifícios ao bezerro de ouro. Outra referência astrológica. Posteriormente, os Essênios e Yeshua (Jesus) substituem o touro imolado e o sangue pelo pão e vinho egípcios: o pão representando o corpo de Osíris e o vinho o sangue de Osíris (“tomai e comei todos vós; este é o meu corpo e o meu sangue que é derramado por vós” é uma oração EGIPCIA e representa o sacrifício de Osíris).
Jesus, como iniciado, estava celebrando o culto ao Deus­ Sol na chamada “Santa Ceia”. Com o tempo, as pessoas passaram a preferir a eucaristia vegetariana de Yeshua ao invés do banquete carnívoro de Mithra e o ritual de culto ao Deus Sol acabou se transformando no que chamamos hoje de Eucaristia. Embora o ritual original tenha sido modificado e sobrevivido até os dias de hoje, de uma forma ou de outra. Os celtas também tinham o costume de fazer sacrifícios ao Deus Sol. Mas ao invés do touro, sacrificava o Javali, símbolo do sol.
Quem já leu as aventuras de Asterix sabe que toda vitória era comemorada com um grande banquete celebrado por toda a vila, em uma Ágape Fraternal. O mesmo ocorria nas legiões romanas e entre os sacerdotes Mitraicos. Note que a távola redonda (ops, eu disse “távola”… eu quis dizer “Mesa”) ao redor da fogueira forma justamente o símbolo astrológico do SOL (um círculo com um ponto central). Outro costume de Batismo de Fogo, muito popular entre os soldados romanos de alta patente, consistia no Taubólio, o ritual de sacrifício do touro.
Sobre uma forte estrutura em forma de rede de aço, era imolado um touro pelos sacrificadores e seu sangue escorria sobre o iniciado, que fica abaixo desta estrutura, nu, em uma fossa escavada no chão. Ali recebe o sangue sobre a cabeça e banha com ele todo o seu corpo. Ao sair da fossa, todos se precipitavam à sua frente, saudando-o. Após a imolação, recolhiam-se os órgãos genitais do touro (cojones), que eram cozinhados, preparados e servidos ao iniciado. Apesar de parecer nojento, o ritual é impressionante…
As tradições Mitraicas permaneceram em Roma até o século IV, coexistindo com o Cristianismo. Em 325 DC, o Concílio de Nicéia fixou o deus “verdadeiro” e iniciou-se a queda do culto a Mithra. Mithra é o padrinho da Igreja Católica, já que roubou sua festa de aniversário (25 de dezembro), seu dia de celebração (as missas são celebradas no Domingo de manhã – Dia do Sol e hora do sol), o chapéu que os papas, cardeais e bispos usam chamasse Mitra e o templo maior de Mithra ficava em um lugar conhecido como Colina Vaticano, que também foi “substituído” pela Igreja principal católica. Tertuliano presenciou as cerimônias de culto à Mithra e chamou este ritual de “Paródia Satânica da Eucaristia”, ou “Missa Negra” e muitas das histórias bizarras inventadas sobre o “satanismo” foram derivadas destes cultos.
Da distorção destas festividades surgiram as famosas “missas satânicas” nas quais se “usava uma mulher nua como altar, bebia-se sangue e comia-se carne ao invés de pão e vinho, os sacerdotes vestiam-se de preto e usavam o terrível pentagrama” e por ai vai. Uma mistureba de cultos celtas, gregos e mitraicos, com um pouco de criatividade mórbida para assustar os crentes e voilá. No Concílio de Toledo, em 447, a Igreja publicou a primeira descrição oficial do diabo, a encarnação do mal: “um ser imenso e escuro, com chifres na cabeça e patas de bode”.
Claramente uma mistura de Mithra, Pan e Cernunnus. Claro que quase todos nós prestamos homenagens a Mithra até os dias de hoje: Festividades realizadas no dia dedicado ao Sol (Domingo – Sunday), envolvendo sacrifícios de bois imolados cuja carne e sangue é consumido pelos sacerdotes, junto com vinho ou cerveja. A Igreja Católica chama isso de “Paródia Satânica da Eucaristia”, mas as pessoas costumam chamar estas homenagens a Mithra de “Churrasco de Domingo”. 

sábado, 19 de março de 2016

Concilio de Niceia



Concílio de Niceia e a criação do Jesus Super ­herói Concílio de Niceia e a criação do Jesus Super­ herói Esse artigo sobre a vida de Constantino I, o imperador mais importante da história do Império Romano.
Constantino obteve uma vitória esmagadora sobre o seu rival oriental Licínio, tornando­ se o governante único do império.
 Esse confronto deixou ainda mais claro para o novo imperador a importância da religião para a manutenção da paz. Agora com o controle total nas mãos e sem nenhum rival direto ao trono, Constantino tinha todo o tempo do mundo para pensar em maneiras de solidificar seu poder. Mesmo sem ter sido batizado, uma das primeiras medidas tomadas por ele foi afirmar o direito do imperador em intervir e exercer autoridade absoluta sobre todas as decisões relacionadas à Igreja.
 Constantino associou de maneira irreversível a Igreja ao Estado. Para derrotar todas as outras religiões, era necessária a criação de uma ortodoxia definida, isto é, a formulação de uma opinião correta para que todas as outras pudessem ser rejeitadas. Paganismo O termo pagão teve origem no vocábulo em latim paganus, que se refere “àquelas pessoas que vivem no campo”.
No período em que Constantino unificou o Império, a parte oeste ainda era composta fortemente por uma maioria pagã. O calendário de festejos anuais era todo baseado em tradições e crenças pagãs. Enquanto isso, no leste, o Cristianismo ganhava mais e mais espaço, principalmente na região norte da África e no Oriente Médio. Talvez devido às suas raízes pagãs, o imperador Constantino não foi responsável pelo inicio do meticuloso extermínio em massa dos adeptos do paganismo que viria a ser arquitetado num futuro próximo pela Igreja.
 Entretanto, durante seu longo reinado, a maior parte dos bens e riquezas contidos nos templos pagãos foi confiscada e transferida para igrejas cristãs. Festivais sexuais e a tradição dos sacrifícios também foram estritamente proibidas. Festival pagão da Bacanália Festival pagão da Bacanália Constantino estipulou políticas governamentais que forneciam generosos incentivos fiscais, políticos e financeiros para aqueles que contribuíssem com a construção de igrejas, ao mesmo tempo em que os templos pagãos eram invadidos e saqueados.
 Constantino entendia mais do que ninguém a importância da unidade religiosa do Império. A única forma de manter sua dinastia no poder de Roma durante anos, mesmo após a morte poderia ser alcançada através de uma religião única, sólida e sem contradições. Era preciso formular um código, estipular um conjunto de padrões considerados corretos, definir os traços de conduta ideais a ser seguidos por um cristão.
O cristianismo não poderia ser mutável como as doutrinas pagãs, pois correria o risco de ser substituído por uma nova tendência anos mais tarde. Com essa proposta em mente, Constantino passou a intervir livremente e com total poder nos processos de fundação da estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana e da imagem da figura conhecida como Jesus. Arianismo Por incrível que pareça, a maior ameaça ao projeto de unidade religiosa do Império Romano visualizado por Constantino não viria do paganismo, mas de disputas filosóficas internas do clero católico.
O conflito ideológico mais importante intermediado por Constantino teve origem na cidade de Alexandria, no Egito. Durante essa época, essa cidade era o centro cultural, filosófico e teológico do Império. Grandes mentes viajavam para lá em busca de mestres que pudessem ajudá-los na busca pelo conhecimento. Um desses mestres era o presbítero cristão Ário.
Segundo a sua teoria, Jesus não era da mesma substância que Deus, mas sim a emanação mais pura do Pai a ter vivido na Terra. Tal conceito não era novidade para uma boa parte dos filósofos e, inclusive, para alguns dos discípulos de Jesus. Como você viu no artigo sobre o Evangelho de Tomé e a Busca do Conhecimento, o próprio Tomé enxergava Jesus como um homem “comum”, mas dotado de um espírito divino e imortal.
Essa teoria recebeu o nome de Arianismo, em homenagem ao seu mais fiel partidário. [favor não confundir com a ideia da raça superior proposta por Hitler durante a agressão nazista] Ao mesmo tempo em que ganhava força, o Arianismo também conquistava um grande número de inimigos. O mais ávido combatente dessa teoria foi o bispo Alexandre. Indignado com a proposição da ideia de que Jesus não era Deus, o bispo iniciou uma política de repressão ao que, de acordo com suas concepções, só poderia ser uma forma vil de heresia.
Com o passar do tempo, a disputa ideológica tomou proporções gigantescas, contribuindo para a expansão do Arianismo por quase toda a parte leste do Império. Constantino percebeu que deveria agir imediatamente ou poderia presenciar o inicio de revoltas capazes de afetar a unidade religiosa de Roma. Concílio de Niceia Visando resolver de uma vez por todas as intrigas ideológicas internas da Igreja, Constantino enviou um convite aos mais de 1.800 bispos de todo o Império Romano para comparecer ao primeiro concílio ecumênico da história.
 Na verdade, era mais do que um mero convite. Os bispos que desejassem comparecer a reunião teriam seu transporte e todas as despesas da viagem pagas pelos cofres do império. Localizada na parte Oriental do Império, a cidade de Niceia foi escolhida para a realização do concílio devido ao seu posicionamento geográfico que favorecia o deslocamento dos bispos orientais. Afinal, o Arianismo era o tema principal a ser discutido no evento.
 Apesar de todas as mordomias fornecidas por Constantino, um número ínfimo de membros da Igreja Ocidental compareceu ao concílio, pois o dilema contido no Arianismo ainda não tinha despertado o interesse do Ocidente. O próprio Papa Silvestre optou por não comparecer ao concílio, enviando dois mensageiros oficiais para Niceia. Isso mesmo, o membro mais importante do clero não compareceu ao concílio que formulou as primeiras diretrizes oficiais a serem seguidas pela Igreja. O Concílio de Niceia teve sua abertura solene no dia 20 de junho de 325. Não se sabe ao certo o número total de bispos que compareceram ao evento, pois nenhum documento oficial conseguiu sobreviver à passagem dos anos, e se sobreviveu está muito bem guardado na Biblioteca do Vaticano.
Todas as informações obtidas sobre o concílio estão presentes nas obras de testemunhas oculares e foram escritos alguns anos depois do fim do concílio. Curiosamente, o personagem principal da história não pode comparecer ao concílio. Com base em denúncias emitidas por rivais poderosos, Ário encontrava-se exilado na Nicomédia durante o evento.
Como era de se esperar, o Arianismo foi o primeiro tema a ser discutido pelos membros do concílio. Eusébio de Nicomédia, ávido defensor das ideias de Ário, teve a palavra inicial e discursou sobre o conceito do Arianismo e os ensinamentos seguidos por ele e seus companheiros. Logo após, foi à vez do bispo Alexandre receber a oportunidade de apresentar suas críticas contra o Arianismo. A primeira ideia proposta por Constantino consistiu na produção de um documento, fazendo uso dos textos sagrados do cristianismo, demonstrando claramente que o filho não é uma criatura, mas o próprio Deus encarnado.
Naquela época, ainda não existia a compilação de livros conhecida hoje como Bíblia. Cada cidade possuía uma coletânea de textos considerados favoritos pela população. Como cada apóstolo partiu para regiões diferentes espalhando a palavra de Jesus, textos variados foram criados e cada grupo cristão possuía a sua própria coleção de livros sagrados. Essa estratégia não deu certo, pois tanto os defensores do Arianismo como os opositores encontraram validações para seus argumentos nos textos sagrados. Semanas se passaram sem o menor resquício de um possível acordo entre as partes. Contudo, o imperador Constantino não estava interessado em debates metafísicos sobre a figura de Jesus. O que lhe causava preocupação era a turbulência político ­religiosa que este impasse estava causando na estrutura do Império Romano. Jesus Super ­herói Cansado de tentar obter uma solução diplomática e mais preocupado com a união do Império do que a com união de Deus, Constantino percebeu que a quantidade de membros do clero contra o Arianismo era um pouco superior e emitiu o voto de minerva esperando obter um desfecho que fosse aceitável pelo maior número de bispos possível.
O imperador sugeriu a criação de um termo que indicaria a afirmação da divindade de Jesus, uma união absoluta entre o Pai e o Filho. A palavra criada foi “homoousius” que significa “da mesma natureza”. Para oficializar tal decisão, Alexandre e os outros bispos desenvolveram uma oração onde o termo homoousius estaria incluso e que, ainda hoje em dia, é ensinada a todas as crianças durante a primeira eucaristia: o Credo de Niceia.
 Pode ­se perceber que o objetivo do credo é não deixar nenhuma brecha para a interpretação ariana. [leia na íntegra no final do artigo] Medidas políticas também foram tomadas. Ário e seus principais partidários foram exilados meses após o concílio. O Arianismo foi classificado como uma doutrina herética e todos os bispos que continuassem a propagar as ideias propostas por Ário receberiam a excomunhão da Igreja. Dessa forma, com base na decisão unilateral do estrategista Constantino, cujo principal interesse era acalmar os ânimos exaltados dos bispos da Igreja que tinha ajudado a construir, Jesus deixou de ser considerado como um homem e passou a ser oficialmente definido como feito da mesma substância que Deus.
Jesus Deus Tal decisão abriu um precedente que contribuiu para a perseguição religiosa, execução de “hereges” e destruição de patrimônio intelectual exercida pela Igreja durante os milênios seguintes. Todos aqueles que acreditavam no conceito de Jesus como semelhante passaram a sofrer uma forte repressão religiosa. Todos os textos que apresentassem detalhes da vida de Jesus indicando características humanas passaram a ser classificados como textos apócrifos, cuja leitura estava explicitamente proibida e, em sua grande maioria, foram destruídos pelo fogo. É por esse motivo que muitas pessoas acreditam na ideia de que os livros da bíblia foram selecionados durante o Concílio de Niceia. Apesar disso não ser inteiramente verdade, podemos perceber como a decisão de Constantino influenciou drasticamente a futura composição do livro sagrado do Cristianismo. Analisando por uma perspectiva política, é possível compreender porque Constantino posicionou ­se contra as ideias de Ário.
É muito mais fácil controlar uma população fiel à crença de que Jesus é um ser diferenciado, nada comparado ao cidadão comum, do que uma população confiante na ideia de que todos somos irmãos de Jesus, em níveis diferentes na escala da evolução espiritual, mas com o mesmo corpo físico utilizado por Jesus durante sua vida na Terra. Após a resolução sobre o tema do Arianismo, o concílio ainda durou algumas semanas e outras decisões importantes foram tomadas durante o restante do evento.
 O domingo passou a ser considerado o dia sagrado do descanso, substituindo o sábado. Também é possível perceber a influência de Constantino nessa decisão, afinal, como vimos nos primeiro artigo, ele era um profundo devoto do deus solar Apolo. Nada mais justo do que transformar o dia do sol no dia mais sagrado da nova religião do seu império. A questão da Páscoa também foi discutida durante o concílio e uma data oficial para a realização dos festejos foi fixada. Além disso, cerca de 20 cânones (regras) de disciplina eclesiástica foram criados e passaram a ter efeito imediato sobre os membros do clero.
 Constantinopla Com o enfraquecimento do Arianismo, as disputas ideológicas dentro da Igreja perderam força devido ao rígido combate exercido contras as doutrinas “heréticas” após o precedente aberto em Niceia. Constantino compreendeu a dificuldade de remover as crenças pagãs intrínsecas na tradição romana. Por esse motivo, a cidade de Roma não poderia mais ser o centro do Império. O imperador precisava de uma capital onde fosse possível obter uma comunhão integral entre Estado e Igreja.
Sete anos antes de falecer, Constantino decidiu construir a mais imponente cidade do Império Romano. Localizada em um ponto comercial estratégico na região da metade oriental do império, a cidade de Bizâncio, de maioria cristã, viria a ser totalmente reconstruída, tornando-se a mais gloriosa cidade da época. A fundação solene da nova capital aconteceu no dia 11 de maio de 330, sendo batizada com o nome de Constantinopla. Constantinopla.
 Apesar de manter as aparências para evitar revoltas em Roma, Constantino sabia que o centro de poder do Império Romano seria transferido para lá. O imperador construiu muralhas grandiosas e passou a distribuir trigo gratuitamente para a população, o que contribuiu para alcançar a marca dos 500 mil habitantes num piscar de olhos.
Comprovando a profecia, trinta e um anos após assumir o poder do Império Romano, Constantino veio a falecer no dia 22 de maio de 337, deixando o controle do Império nas mãos de três filhos e um legado que rompeu as barreiras do tempo, influenciando bilhões de pessoas ao redor do mundo. Credo de Niceia “Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis”. Em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai.
 Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos. Cremos no Espírito Santo.
Mas quantos àqueles que dizem: ‘existiu quando não era’ e ‘antes que nascesse não era’ e ‘foi feito do nada’, ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja Católica anatematiza.”



quinta-feira, 17 de março de 2016

Pela Fé



Quanto a possível descendência de Jesus Cristo!
O movimento Notzri era particularmente popular entre os Judeus Samaritanos. Enquanto que os Fariseus estavam à espera de um Messias que seria um descendente de David, os Samaritanos queriam um Messias que viesse restaurar o reino norte de Israel.
 Os Samaritanos enfatizavam a sua descendência parcial das tribos de Efraim e Manasses que descendiam do José da Tora. Os Samaritanos consideravam ­se como sendo “Bnei Yossef”, i.e., “filhos de José”, e como acreditavam que Jesus tinha sido o seu Messias, teriam assumido que era um “filho de José”.
A população de língua Grega, que tinha pouco conhecimento de Hebreu e das verdadeiras tradições Judaicas, poderia facilmente ter mal entendido este termo e presumir que José era o nome verdadeiro do pai de Jesus. Esta conjectura é corroborada pelo fato que de acordo com o Evangelho segundo Mateus, o pai de José se chama Jacob, tal como o do José da Tora. Mais tarde, outros Cristãos que seguiam a ideia de que o Messias seria um descendente de David, tentaram seguir o percurso de José até David.
Chegaram a duas genealogias contraditórias para ele, uma registrada no Evangelho segundo Mateus e a outra no Evangelho segundo Lucas. Lembrando sempre que este Jesus é Yeshu, não esse cara que foi criado no novo testamento. JC nunca existiu… é uma lenda!
Toda história desta lenda está baseada justamente nas figuras de Ben Stada e Ben Pandera e também tal lenda é baseada nos mitos pagões, egípcios, hindus, etc., na verdade dentro das fronteiras do império romano do ocidente, que ruiu por causa da megalomania do seu imperador.
Nas yeshivot apreendemos que ele é uma lenda, os árabes são uma lenda, os hindus são uma farsa. Somente no ocidente se dá crédito a essa história, todas as fontes que tentam alegar a sua existência foram consideradas falsas, por historiadores. Ex. escritos de Josefos foram feitos exames grafo­técnicos que comprovam que a letra não é de Josefos. Outro ponto importante é que Filo contemporâneo de Josefos, historiador tão importante como Claudio Souza Josefos, Filo nada escreveu sobre essa carinha.

Isso prova umas discrepâncias, que dois historiadores de renome como Filo e Josefos discordam da existência desta figura e única prova que os cristãos têm? É o pseudoepígrafo chamado novo testamento que de novo não tem nada, como eu disse são passagem deturpada do Talmud e ensinamentos de Hilel.

Mensagem Motivacional

'Tente fazer algo novo a cada dia, e a mente terá menos controle sobre você. Mesmo que sejam pequenas mudanças em sua forma de andar, na forma de falar.
A cada momento você se renova, renasce, a consciência nunca envelhece.
Você viveu de acordo com alguns padrões até agora. Você não deseja mudar?!

A mente é seu passado tentando constantemente controlar seu presente e seu futuro. É o passado morto, que permanece controlando o presente vivo. Fique alerta quanto a isso.' - Osho -

JESUS TEVE OU NÃO IRMÃOS?

JESUS TEVE OU NÃO IRMÃOS?





“O fechado sistema dogmático de ensino compreende uma teologia escolástica autoritária e não-bíblica há muito ultrapassada”.
(Hans Küng).

Introdução

Em nosso meio sempre ocorrem dúvidas quanto à questão de que Jesus teve outros irmãos, já que não era o único filho de Maria.

Recentemente, numa palestra na reunião de quarta-feira, à noite, no Centro Espírita Irmão Mateus, Bairro Concórdia, Belo Horizonte, tocamos no assunto e não deu outra: a polêmica se instalou. Um número razoável de frequentadores acreditava que Jesus jamais teve irmãos, coisa bem natural já que foi isso que aprenderam de seus pais e líderes religiosos.

Às vezes é interessante que a polêmica ocorra; é um bom caminho para se encontrar a verdade. Vimos que alguns espíritas se interessam pelo assunto e que têm por hábito o estudo das passagens bíblicas relativas à vida e obra de Jesus. Percebemos, também, que companheiros buscam apoiar-se em dados concretos e não em crenças, às vezes, até mitológicas, promanadas dos teólogos do passado, que, diga-se de passagem, não devem ser condenados, pois somente representavam a cultura de época.

Com o presente estudo desse tema não temos a intenção de derrubar conceitos ou crenças religiosas; tão somente nos move o sincero desejo de elucidar o assunto, caso tenhamos condições de fazê-lo, é claro. Nem temos a pretensão de esgotá-lo, dando a palavra final.

A crença que interfere na crença

A principal crença que faz com que as pessoas não aceitem, de bom grado, que Jesus realmente teve irmãos reside na suposição de que Maria foi virgem – antes, durante e depois do parto. Óbvio que, se Jesus teve irmãos, essa visão cai por terra, e os que acreditam nisso ficariam sem “chão” dada a insistência que, ao longo dos tempos, se afirma tal coisa. Ademais, para muitos, isso se depreende dos textos bíblicos, os quais nós veremos um pouco mais adiante, pois, antes disso, devemos mencionar algumas culturas religiosas pagãs que tinham essa mesma crença, ou seja, de uma virgem sendo fecundada por um deus.

Deuses engravidando mulheres virgens é algo comum na mitologia antiga, conforme confirmam vários autores como, por exemplo:

a) Pepe Rodríguez (1953- )

No livro Mentiras fundamentais da Igreja Católica, no capítulo III, no item “Nascer de virgem fecundada por Deus foi um mito pagão bastante difundido em todo o mundo antigo anterior a Jesus”, encontramos:
Lendas pagãs deste género foram obviamente integradas na Bíblia, não só nos referidos relatos dos nascimento de Sansão, de Samuel ou de João Batista, como, muito mais tarde, no relato do nascimento de Jesus.Regra geral, desde tempos remotos, quando o personagem anunciado era de primeira ordem, a mãe era sempre fecundada por Deus, através de um procedimento milagroso que, fosse ele qual fosse, confirmava claramente o mito da concepção virginal. Esta confirmação era particularmente patente na concepção dos deuses-Sol, uma categoria a que, como veremos, pertence a figura de Jesus Cristo. (RODRÍGUEZ, 2007, p. 100-101, grifo nosso).
Um pouco mais à frente, Rodríguez acrescenta:
Todos os grandes personagens, tenham sido eles reis ou sábios – como, por exemplo, os gregos Pitágoras (c. 570-490 a.C.) ou Platão (c 417-347 a.C.) –, ou se tenham tornado o centro de alguma religião e acabado por ser adorados como “filhos de Deus” (Buda, Krishna, Confúcio e Lao Tsé) foram mitificados pela posteridade como filhos de uma virgem. Jesus, surgido muito depois, mas destinado a desempenhar um papel semelhante ao que os seus antecessores haviam desempenhado, não podia ter um estatuto inferior ao deles. Desse modo, o budismo, o confucionismo, o tauismo e o cristianismo, ficaram indelevelmente marcados pelo facto de terem sido fundados por um “filho do Céu”, encarnado através do acesso directo e sobrenatural de Deus ao ventre de uma virgem especialmente escolhida e apropriada. (RODRÍGUEZ, 2007, p. 103, grifo nosso).
b) Hans Küng (1928- )

Esse autor também nos passa informações bem interessantes:
Sim, o Faraó do Egipto é concebido milagrosamente como rei divino, pelo deus espiritual, Amon-Rá, na figura do rei reinante e pela rainha virgem. Na mitologia greco-helénica os deuses também contraem “matrimónios sagrados” com filhas de humanos, dos quais nascem filhos de deuses tais como Perseu e Herácles ou também figuras históricas como Homero, Platão, Alexandre, Augusto. É impossível deixar de reparar no seguinte: a concepção virginal em si não é algo exclusivamente cristão! A ideia de concepção virginal, é, pois, segundo a exegese actual, utilizada por ambos os evangelistas como lenda ou saga “etiológica”, com o objectivo de apresentar uma “justificação” (grego, “aitía”) para a existência do filho de Deus. […]. (KÜNG, 1997, p. 56, grifo nosso, a não ser o da antepenúltima linha, que é do original).
c) Edward Carpenter (1844-1929)

Vejamos o que ele diz sobre o tema:
Mas quase mais notável que a crença mundial nos salvadores é a lenda igualmente difundida de que eles nasceram de Mães-Virgens. Não há quase nenhum deus – como já tivemos a oportunidade de ver – que seja adorado como um benfeitor da humanidade nos quatro continentes, Europa, Ásia, África e América – que não tenha nascido de uma Virgem, ou, pelo menos, de uma mãe que atribuísse a concepção não a um pai humano, mas sim ao céu. E isso parece, à primeira vista, o mais surpreendente, porque acreditar em tal possibilidade é muito absurdo para nossa mente moderna. […]. (CARPENTER, 2008, p. 108, grifo nosso).
O mais interessante é que Carpenter também lista vinte e uma semelhanças da história de Jesus com histórias antigas de deuses; vejamos, sobre isso, o que ele diz:
A história de Jesus, como vemos, tem muita semelhança com as histórias dos antigos deuses Sol e com o percurso atual do Sol nos céus – tantas coincidências, que não podem ser atribuídas à mera coincidência ou até mesmo a blasfêmias do Demônio! Vamos enumerar algumas delas. Há (1) o nascimento da Virgem; (2) o nascimento na manjedoura (caverna ou câmera subterrânea); e (3) em 25 de dezembro (logo depois do Solstício de Inverno). Há (4) a Estrela do Leste (Sírio) e (5) a chegada dos magos (os “Três Reis”); há (6) o Massacre dos Inocentes, e o voo para um país distante (dito também de Krishna e outros deuses Sol). Há os festivais da Igreja de (7) Candelária (2 de fevereiro), com procissões das velas para simbolizar a luz crescente; há (8) a Quaresma, ou a chegada da primavera; há o (9) dia de Páscoa (normalmente em 25 de março) para celebrar a travessia do Equador pelo Sol; e (10) simultaneamente a explosão de luzes no Sepulcro Sagrado em Jerusalém. Há (11) a Crucificação e a Morte do carneiro-deus, na sexta-feira santa, três dias antes da Páscoa; há (12) a prisão feita com pregos em uma árvore, (13) o túmulo vazio, (14) a Ressurreição (nos casos de Osíris, Attis e outros); há (15) os doze discípulos (os signos do Zodíaco); e (16) a traição de um dos doze. Depois, há (17) o Dia do Meio do Verão, o dia 24 de junho, dedicado ao nascimento de João Batista, e correspondente ao dia de Natal; há as festas da (18) Assunção da Virgem (15 de agosto) e do (19) nascimento da Virgem (8 de setembro), correspondentes ao movimento do Sol por Virgem; há o conflito de Cristo e seus discípulos com os asterismos outonais, (20) a Serpente e o Escorpião; e finalmente há um fato curioso de que a Igreja (21) dedica o dia do Solstício de Inverno (quando qualquer um pode, naturalmente, duvidar do renascimento do Sol) a São Tomé, que duvidava que a Ressurreição fosse verdadeira! Algumas coincidências, mas não todas, estão em questão. Mas elas são suficientes, acredito eu, para provar – mesmo permitindo possíveis margens de erro – a verdade de nossa contenção geral. Entrar no paralelismo dos caminhos de Krishna, o deus Sol indiano, e Jesus demoraria muito tempo; porque, de fato, a semelhança é muito grande." Eu proponho, no entanto, ao final deste capítulo, que nos aprofundemos um pouco na festa cristã da Eucaristia, em parte por causa de sua relação com a derivação de rituais astronômicos e celebrações da Natureza já referidas, e em parte por causa da luz que a festa geralmente, seja ela cristã ou pagã, joga sobre as origens da Mágica Religiosa – um assunto que devo abordar no próximo capítulo. (CARPENTER, 2008, p. 35-36, grifo nosso).
d) Havery Spencer Lewis (1883-1939)

Em sua obra A vida mística de Jesus, ele afirma:
A Índia teve um grande número de Avatares ou Mensageiros Divinos, Encarnados por Concepção Divina, tendo dois deles levado o nome de “Chrishna”, ou “Chrishna o Salvador”. Consta que Chrishna nasceu de uma virgem casta chamada Devaki que, por sua pureza, fora escolhida para se tornar a mãe de Deus. Neste exemplo, encontramos a antiga história de uma virgem dando à luz um mensageiro de Deus divinamente concebido.

Buda foi considerado por todos os seus seguidores como gerado por Deus e nascido de uma virgem chamada Maya ou Maria. Nas antigas histórias sobre o nascimento do Buda, tais como são compreendidas por todos os orientais e como são encontradas em seus escritos sagrados muito anteriores à Era Cristã, vemos como o poder Divino, chamado o Espírito Santo, desceu sobre a virgem Maya. Na antiga versão chinesa dessa história, oEspírito Santo é chamado Shing-Shin.

Os siameses tinham igualmente um deus e salvador nascido de uma virgem e que eles chamaram Codom. Nesta velha história, a bela e jovem virgem fora informada com antecedência de que se tornaria mãe de um grande mensageiro de Deus e, um dia, enquanto fazia seu período usual de meditação, concebeu através de raios de sol de natureza Divina. O menino nasceu e cresceu de maneira singular e notável, tornou-se um protegido da sabedoria e fez milagres.

Quando os primeiros europeus visitaram o Cabo Comorim, na extremidade sul da península do Industão, surpreenderam-se ao encontrar os naturais do lugar, que nunca haviam tido contato com as raças brancas,cultuando um Senhor e Salvador que fora divinamente concebido e nascera de uma virgem.

E quando os primeiros missionários jesuítas visitaram a China, escreveram em seus relatórios que haviam ficado consternados por encontrarem na religião pagã daquela terra a história de um mestre redentor que nascera de uma virgem por concepção divina. Ao que consta, esse deus havia nascido 3468 anos a.C. Lao-Tse, o famoso deus chinês, também nascera de uma virgem, de pele negra, sendo descrita como a bela e maravilhosa como o jaspe.

No Egito, bem antes do advento do cristianismo e muito antes do nascimento dos autores da Bíblia ou de qualquer doutrina concebida como cristã, o povo egípcio já tivera vários mensageiros de Deus nascidos de virgens por Concepção DivinaHórus, segundo o sabiam todos os antigos egípcios, havia nascido da virgem Ísis, sendo sua Concepção e seu nascimento um dos três grandes mistérios ou doutrinas místicas da religião egípcia. Para eles, todos os incidentes ligados à Concepção e ao nascimento de Hórus eram pintados, esculpidos, adorados e cultuados como o são os incidentes da Concepção e do nascimento de Jesus pelos cristãos de hoje. Outro deus egípcio, Ra, nascera de uma virgem. Examinei uma das paredes de um antigo templo na margem do Nilo, onde há um belo quadro esculpido representando o deus Tot – o mensageiro de Deus – dizendo à jovem Rainha Mautmes que daria à luz um Divino Filho de Deus, que seria o rei e Redentor de seu povo.

Ao nos voltarmos para a Pérsia descobrimos que Zoroastro foi o primeiro dos redentores do mundo a ser aceito como nascido em plena inocência, pela concepção de uma virgem. Antigos entalhes e pinturas deste grande mensageiro mostram-no cercado por uma aura de luz que inundava o humilde local de seu nascimento.Ciro, rei da Pérsia, também era tido como nascido de origem divina, e nos registros de seu tempo ele é chamado de Cristo ou Filho ungido de Deus e considerado mensageiro de Deus. (LEWIS, 2001, p. 74-76, grifo nosso).
e) Geza Vermes (1924- )

Em seu livro Natividade, também trata da concepção virginal e da suposta profecia de Isaías; leiamos:
A concepção virginal em Mateus e a profecia de Isaías

Até aqui, Mateus contou uma história desconcertante. A não ser pela alusão a algum tipo de envolvimento do Espírito Santo, uma expressão para designar o poder através do qual Deus age no mundo, o anjo do sonho não esclarece como Maria engravidou. O evangelista então intervém e lança uma nova luz sobre a questão valendo-se de uma profecia do Antigo Testamento, segundo a qual uma virgem virá a dar à luz o Salvador do povo judeu. Na versão do Evangelho para as palavras de Isaías, diz a profecia: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho que se chamará Emanuel, que significa 'Deus conosco'” (Isaías 7,14, em Mt 1,23).

Este é o primeiro texto bíblico apresentado como prova por Mateus em sua narrativa da infância. Em Lucas não há nenhum. Mas esse testemunho profético, cujo objetivo é anunciar uma gravidez milagrosa ou concepção virginal, só é eficaz sob uma condição: ele funciona apenas se for seguida a versão da Septuaginta grega para Isaías 7,14, destinada a um público grecófono e interpretada como os leitores gregos o entenderiam. Como se sabe, a forma que subsistiu do Evangelho de Mateus é a grega e, como tal, seu alvo era obviamente um público grego. Contudo, o público original para o qual a tradição da narrativa do nascimento de Jesus foi desenvolvida era de judeus palestinos e o idioma em que foi inicialmente transmitida seria o aramaico ou, possivelmente, o hebraico, não o grego. Também é evidente que para esses palestinos, em sua maioria judeus da Galileia, o texto de Isaías teria sido extraído da Bíblia hebraica, não da Septuaginta grega.

O que nos deixa em um verdadeiro dilema. Para aludir à mulher que virá a conceber e dar à luz um filho, Isaías 7,14 em hebraico não se refere a uma virgem, ou betulah em hebraico, mas a uma 'almah, isto é, “uma jovem mulher”: termo neutro que não implica necessariamente virgindade. Por exemplo, no Cântico dos Cânticos 6,8 o termo “jovens mulheres”('alamot) aparece em paralelo com “rainhas e concubinas”, que seguramente não são virgens. Ademais, é muito improvável que a 'almah mencionada em Isaías 7, a jovem que no futuro próximo há de conceber e dar à luz um filho, seja virgem. O contexto sugere que ela já é casada, e esposa do então rei judeu, Acaz, ao fim do século VIII a.C.

Quando fala em 'almah, o texto hebraico de Isaías em lugar algum especifica que ela ainda é virgem ou que está prevista uma concepção milagrosa de qualquer tipo. O sinal profético em Isaías 7,14, em hebraico, está não na condição virginal da mãe, mas no significado do nome que ela deverá dar a seu filho – “Emanuel” – sugerindo que o futuro príncipe, em conformidade com o bom augúrio expresso no nome, “Deus conosco”' trará proteção divina aos habitantes de Jerusalém, naquela época sob ameaça de dois reis inimigos que sitiavam a cidade (ver Isaías 7,16). Considerando tudo isso, a conclusão a que se chega é que o relato semita subjacente à versão grega de Mateus que conhecemos de forma alguma poderia conter uma previsão da concepção virginal do Messias.

Como então esta noção entrou no Evangelho da Infância, de Mateus? Por puro acidente, o tradutor da Septuaginta usou para o termo hebraico 'almah de Isaías 7,14 a palavra grega parthenos (virgem), que, no entanto, pode também significar solteira ou mulher não-casada que não seja necessariamente virgem. O Mateus “grego” ou o editor grego do Mateus semita topou com essa tradução imprecisa e a adotou. Esse feliz achado permitiu-lhe apresentar a seus leitores de fala grega a concepção de Jesus como única e situada em posição muito superior a todas as outras concepções milagrosas do Antigo Testamento.

Existe uma prova incontestável de que uma proporção substancial do público visado pelo texto final de Mateus era composta por gregos, que não tinham conhecimento do hebraico. Em Mateus 1,23, o nome hebraico “Emanuel” na citação de Isaías é apresentado com uma tradução para explicar seu significado: “Deus conosco”. Como se sabe, o original hebraico de Isaías não inclui tal interpretação e, o que é mais importante, ela também não consta da tradução grega da Septuaginta. Os judeus da diáspora, para quem a Septuaginta foi produzida, supostamente deveriam saber o que significava Emanuel. O comentário grego a essa citação em Mateus - “que significa Deus conosco” - é obviamente criação do próprio evangelista, para auxiliar seus leitores gregos não-judeus. Assim, aplicada a Maria, a profecia de Isaías em sua versão grega destinava-se a transmitir ao público grego da narrativa materna da infância que “Jesus-Emanuel” ou “o Messias-Filho de Deus” seria concebido através do Espírito Santo e milagrosamente gerado por Maria na condição de virgem.

O Mateus grego, consequentemente, afirma que a concepção virginal é demonstrada pela citação de Isaías. No entanto, o argumento do evangelista está invertido. Ele quer que seu leitor entenda que o evento representa o cumprimento da profecia; em outras palavras, que a concepção de Jesus por Maria ocorreu porque, de acordo com Isaías, assim estava predestinada por Deus. A verdade é bem o contrário: a ideia da “parthenos que concebe”, fornecida pela profecia, é que motivou a história. Foi o texto grego de Isaías 7,14 que proporcionou a Mateus uma fórmula surpreendente para exprimir o caráter milagroso do nascimento de Jesus, como o cumprimento de uma previsão das escrituras.

Repetindo pela última vez, a concepção virginal é uma extrapolação das palavras da Septuaginta, fazendo uso de material histórico, apresentada a, e compreendida por, leitores cristãos gentios helenistas do Evangelho de Mateus. A história do nascimento de Jesus, contada em aramaico ou hebraico e citando Isaías em hebraico, jamais poderia ter dado origem a tal interpretação. Mas em grego, em combinação com a exegese literal do nome “Emanuel = Deus conosco”' tornou-se a fonte da qual surgiu o conceito do Filho divino de mãe virgem. É preciso reiterar, mesmo que seja ad nauseam,que tal evolução somente foi possível em um meio cultural helenístico grecófono. Os antecedentes ideológicos da mitologia greco-romana e as lendas sobre a origem divina de figuras eminentes da época e de um passado recente (ver Capítulo 4) propiciaram um campo fértil para o crescimento do que viria a ser, no jargão teológico cristão, a Cristologia. Com o tempo, através de Paulo, de João e dos filosofantes Padres da Igreja gregos, essa ideia original evoluiu para a deificação de Jesus, Filho da Virgem grávida de Deus (Theotokos).

Também é possível contestar que a ideia da concepção virginal inferida no texto de Mateus, com seu uso da versão da Septuaginta para Isaías, era de origem cristã-gentia helenísticapela posição adotada pelo antigo cristianismo judaico sobre o assunto. Facetas importantes da doutrina desses cristãos-judeus, conhecidos como os ebionitas ou os Pobres, foram preservadas nos escritos dos apologistas da Igreja, que procuravam refutá-las. Sob a denominação de ebionitas, devemos entender comunidades cristãs-judaicas que, após sua separação da Igreja cristã-gentia central, provavelmente na virada do século I d.C., sobreviveram ainda por mais duzentos ou trezentos anos. Através do Padre da Igreja Irineu, do fim do século II, que foi bispo de Lião, e do historiador da Igreja Eusébio de Cesareia, do século IV, sabemos que os ebionitas rejeitavam a doutrina do nascimento virgem. Eusébio deixa claro que, para eles, Jesus era “o filho de uma união normal entre um homem e Maria” (História Eclesiástica 3,27). Irineu anteriormente havia argumentado, usando frases emprestadas do Novo Testamento, que os ebionitas “se recusavam a entender que o Espírito Santo havia vindo a Maria e que o poder do Altíssimo a havia envolvido com sua sombra” (Contra as Heresias, 5,1, 3). Ele explicava ainda que a fim de sustentar seus ensinamentos e “puxar o tapete” da ortodoxia cristã, os ebionitas defendiam a versão grega de Teodósio e Aquila como mais correta do que a Septuaginta, e substituíram o parthenos (virgem) desta última pelo termo neanis (jovem mulher) em sua tradução de Isaías 7,14 (ibid. 3,21, 1). Na opinião deles, a prova de que a Septuaginta não era confiável representava o fim da doutrina de Mateus e da Igreja cristã a respeito de concepção virginal.

Com efeito, a 'almah do Isaías hebraico e o correspondente neanis de Áquila e Teodósio revelam a fragilidade da ideia do nascimento virgem, conforme concebida pelo Mateus grego. Sua adoção pelo evangelista (ou por seu editor final) tornou inevitável a revisão da formulação direta da genealogia (A gerou B etc.), com vistas a excluir a paternidade de José; e tem também o efeito imprevisto de prejudicar a prova montada para autenticar a legitimidade de Jesus como Messias descendente direto de Davi, através de José. (VERMES, 2007, p. 74-79, grifo nosso).
Sendo a maioria desses povos, mencionados por estes vários autores, bem mais antiga que os judeus, não há como não se levar em conta que suas culturas foram incorporadas no cristianismo nascente, embora muitos piedosos fiéis neguem isso, certamente, pelo desconforto que traz àquilo que têm como verdade.

Os cristãos apoiam-se, principalmente, na seguinte passagem bíblica para justificar a virgindade de Maria:
Mateus 1,18-25: “A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: 'José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados'. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 'Vejam: a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco'. Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado: levou Maria para casa, e, sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho. E José deu a ele o nome de Jesus”.
Vejamos antes de nossas considerações o que, em A dinastia de Jesus: a história secreta das origens do cristianismo, o autor James D. Tabor (1946- ) explica a respeito da virgindade de Maria:
[…] O ensinamento sobre a “virgindade perpétua” simplesmente não é encontrado no Novo Testamento e não faz parte dos primeiros credos cristãos. A primeira menção oficial a essa ideia só vem a partir de 374 d.C., com o teólogo cristão Epifânio. (3) A maior parte dos escritos cristãos primitivos anteriores ao século IV d.C. aceita naturalmente que os irmãos e irmãs de Jesus sejam filhos nascidos de José e Maria. (4).
_______
(3) A ideia da virgindade perpétua de Maria foi afirmada no 2º Concílio de Constantinopla, em 553 d.C. e no Concílio de Latrão, em 649. Embora seja uma parte do dogma católico solidamente estabelecida, nunca foi, no entanto, objeto de uma declaração de infalibilidade pela Igreja Católica Romana.

(4) Essa é a chamada visão elvídica, em homenagem a Elvídio, um escritor cristão do século IV, que Jerônimo procura refutar. Eusébio, o historiador da igreja do século IV, cita regularmente fontes antigas e refere-se a irmãos de Jesus “segundo a carne”, certamente concebendo-os como filhos de Maria e José. Consulte Eusébio, Churc History 2.23;3.19.

(TABOR, 2006, p. 90, grifo nosso).
Três pontos importantes podemos ressaltar em Tabor: 1º) que a virgindade perpétua de Maria não é encontrada no Novo Testamento; 2º) que os escritos cristãos primitivos anteriores ao século IV, aceitavam que Jesus tivesse outros irmãos; e 3º) que essa ideia constitui um dogma, cuja imposição se deu a partir de Concílios, iniciando-se, esse processo, no ano de 553.

A menção de se cumprir uma profecia é uma tentativa de se relacionar Jesus ao Antigo Testamento. Aqui se trata de uma suposta profecia de Isaías, cujo teor é:
Isaías 7,14: “Pois saibam que Javé lhes dará um sinal: A jovem concebeu e dará à luz um filho, e o chamará pelo nome de Emanuel”.
O grande problema é que esse passo de Isaías não é exatamente uma profecia, mas um fato acontecido em seu tempo. Para melhor compreendê-lo é necessário transcrevermos alguns versículos anteriores, iniciando pelo 10:
Isaías 7,10-13: “Javé falou de novo a Acaz, dizendo: 'Pede para você um sinal a Javé seu Deus, nas profundezas da mansão dos mortos ou na sublimidade das alturas'. Acaz respondeu: 'Não vou pedir! Não vou tentar a Javé!' Disse-lhe Javé: 'Escute, herdeiro de Davi, será que não basta a vocês cansarem a paciência dos homens? Precisam cansar também a paciência do próprio Deus?'
Dentro do contexto, o que vemos é que o sinal que Deus promete é ao rei Acaz, cuja mulher, uma jovem, estava grávida; o que corroboramos com:
O reino do Norte (Efraim), cujo rei era Faceia, se aliou a Rason, rei de Aram, numa tentativa de se libertar do perigo assírio. Como o reino do Sul (Judá) não participou da coalizão entre o reino do Norte e Aram, estes dois temeram que Judá se tornasse aliado da Assíria; resolveram então atacar o reino do Sul, para destronar o rei Acaz e colocar no seu lugar o filho de Tabeel, rei de Tiro. Acaz teme o cerco e verifica a reserva de água da cidade. Isaías vai ao seu encontro e o tranquiliza, mostrando que não haverá perigo, pois continua válida a promessa de que a dinastia de Davi será perene, desde que se coloque total confiança em Javé. O sinal prometido a Acaz é o seu próprio filho, do qual a rainha (a jovem) está grávida. Esse menino que está para nascer é o sinal de que Deus permanece no meio do seu povo (Emanuel = Deus conosco). (Bíblia Sagrada Pastoral, p. 954-955, grifo nosso).
Então concluímos que, pelo contexto bíblico e confirmado por essa explicação, se percebe que Deus, na realidade, promete um sinal ao rei Acaz, sinal esse que nada mais é que o filho por nascer do rei.

Na suposta profecia de Isaías está dito que a criança teria o nome de Emmanuel (=Deus está conosco), porém, o nome que foi dado ao filho de Maria foi Jesus, que significa “Deus é salvação”, o que não é a mesma coisa.

A explicação, no Dicionário Bíblico Universal, para o verbete Emanuel é:
É o nome dado por Isaías a uma futura criança cujo nascimento será, para o rei Acaz, o “sinal” da assistência divina (Is 7,14-17). A interpretação deste oráculo deve estar ligada ao significado do nome e ao alcance que terá na conjuntura daquele momento. O reino de Judá é ameaçado pelos sírios e efraimitas aliados, que querem acertar contas com a dinastia reinante, a mesma dinastia que se beneficia das promessas feitas a Davi. Em vez de recorrer a essas promessas, Acaz apela para a Assíria. Isaías condena este modo de agir e proclama: Deus está presente; ele está “conosco”.

Qual será a criança cujo nascimento será portador de uma mensagem como esta? Como é ao rei, contemporâneo de Isaías, que o sinal será dado, o nascimento anunciado deve ocorrer proximamente. Será Ezequias – afirma-se muitas vezes, e com boas razões. Mas esta criança é descrita numa linguagem poético-mítica, concretamente irrealizável. O oráculo abre portanto uma perspectiva que vai além do rei em questão. Graças a este oráculo, os crentes, insatisfeitos com os reis históricos, esperarão por uma personagem que finalmente satisfará a esperança deles. Mateus e os cristãos posteriores a ele reconhecem em Jesus aquele que realiza plenamente o anúncio de Isaías (Mt 1,23). (Dicionário Bíblico Universal, 1996, p. 226, grifo nosso).
Confirma-se, portanto, que a suposta profecia não se refere mesmo a Jesus, o que fica bem claro nessa explicação acima.

Há ainda um outro problema: é quanto ao significado da palavra almah usada em Isaías. Para os tradutores da Bíblia de Jerusalém “O termo hebraico 'almah' designa, quer a donzela, quer uma jovem casada recentemente, sem explicitar mais”. (Bíblia de Jerusalém, p. 1265). Vários estudiosos confirmam isso, entre eles, citamos: Barrera, Rodríguez, Tabor, Armstrong, Harris e Pastorino, cujas obras faremos constar na referência bibliográfica, para possível comprovação de alguém que nos for ler.

Ademais, se Jesus foi concebido por obra do “Espírito Santo”, então Ele não é filho de Davi, pois a descendência biológica naquele tempo é que poderia dar esse status; consequentemente, Jesus não seria o Messias, anunciado e esperado pelo povo judeu.

Na Codificação tem-se algo?

Allan Kardec (1804-1869) não tratou especificamente do assunto, já que sua preocupação principal foi o ensino moral de Jesus, que se depreende dos Evangelhos. Entretanto, em duas de suas obras, ele menciona os irmãos de Jesus.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap. XIV, intitulado Honrar pai e mãe, discorrendo sobre a fala de Jesus “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”, diz:
Causa admiração, e com fundamento, que, neste passo, mostrasse Jesus tanta indiferença para com seus parentes e, de certo modo, renegasse sua mãe. Pelo que concerne a seus irmãos, sabe-se que não o estimavam. Espíritos pouco adiantados, não lhe compreendiam a missão: tinham por excêntrico o seu proceder e seus ensinamentos não os tocavam, tanto que nenhum deles o seguiu como discípulo. Dir-se-ia mesmo que partilhavam, até certo ponto, das prevenções de seus inimigos. O que é fato, em suma, é que o acolhiam mais como um estranho do que como um irmão, quando aparecia à família. S. João diz, positivamente (cap. VII, v. 5), “que eles não lhe davam crédito”.

[…].

A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: “Eis aqui meus verdadeiros irmãos.” Embora na companhia daqueles estives declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias. (KARDEC, 2007c, p. 251-253, grifo nosso).
Em A Gênese, cap. XVII – Predições do Evangelho, lê-se o seguinte comentário:
Pode-se fazer ideia dos sentimentos que para com ele nutriam os que lhe eram aparentados, pelo fato de que seus próprios irmãos, acompanhados de sua mãe, foram a uma reunião onde ele se encontrava, para dele se apoderarem, dizendo que perdera o juízo. (S. Marcos, cap. III, vv. 20, 21 e 31 a 35. – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV.). (KARDEC, 2007e, p. 424, grifo nosso).
Ao que nos parece, diante da forma com que Kardec fala dos irmãos de Jesus, ele aceitava tranquilamente este fato, sem maiores questionamentos; certamente, por achar algo natural, o que se pode depreender dessa outra sua fala:
A estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro,desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida. […]. (KARDEC, 2007e, p. 401, grifo nosso).
Portanto, Kardec, segundo acreditava, não tinha o nascimento de Jesus como algo sobrenatural, pois Maria passou por todo o longo processo de gravidez e parto como ocorre com toda mulher encarnada na Terra; e até mesmo, pelo que deduzimos de suas falas, a possibilidade de ter outros filhos ele não a contestava, já que isso estaria “nas condições ordinárias da vida”.

Textos bíblicos
Mateus 12,46-50: “Jesus ainda estava falando às multidões. Sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: 'Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo'. Jesus perguntou àquele que tinha falado: 'Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?' E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: 'Aqui estão minha mãe e meus irmãos, pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe'”. (ver tb Mc 3,31-32).

Mateus 13,53-57: “Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, saiu desse lugar, e voltou para a sua terra. Ensinava as pessoas na sinagoga, de modo que ficavam admiradas. Diziam: 'De onde vêm essa sabedoria e esses milagres? Esse homem não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram conosco? Então, de onde vem tudo isso?' E ficaram escandalizados por causa de Jesus. Mas Jesus disse: 'Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família'. E Jesus não fez muitos milagres aí, por causa da falta de fé deles”. (ver Mc 6,1-3 e também Lc 8,19-21, que não cita as irmãs).

João 2,1-12: “No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava aí. Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos. […] Foi assim, em Caná da Galileia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele. Depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. E aí ficaram apenas alguns dias”.
João 7,1-5: “[…] a festa judaica das Tendas estava próxima. Então os irmãos de Jesus lhe disseram: 'Tu deves sair daqui e ir para a Judeia, para que também teus discípulos possam ver as obras que fazes. Quem quer ter fama não faz nada às escondidas. Se fazes essas obras, mostra-te ao mundo”. Na verdade, nem mesmo os irmãos de Jesus acreditavam nele”.

Atos 1,12-14: “Os apóstolos voltaram para Jerusalém, pois se encontravam no chamado monte das Oliveiras, não muito longe de Jerusalém: uma caminhada de sábado. Entraram na cidade e subiram para a sala de cima, onde costumavam hospedar-se. Aí estavam Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão Zelota e Judas, filho de Tiago. Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus”.

1Coríntios 9,5: “Ou não temos direito de levar conosco nas viagens uma mulher cristã, como fazem os outros apóstolos e os irmãos do Senhor, e Pedro?”.

Gálatas 1,18-19: “Três anos mais tarde, fui a Jerusalém para conhecer Pedro, e fiquei com ele quinze dias. Entretanto, não vi nenhum outro apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor”.
Observar que, nos três primeiros passos, a menção a Maria e aos irmãos de Jesus só pode se relacionar à sua própria família, pois não há razão alguma de Maria andar com os “primos” de Jesus, que não temos notícia que de, caso eles tenham mesmo existido, morassem com ela e não com a sua própria mãe. Então, o argumento de que “irmãos” significa “primos”, não têm razão de ser; tentam apenas, com isso, demonstrar que Jesus foi filho único. Sobre essa questão de “irmão” significar “primo” abordaremos um pouco mais à frente.

O passo Mateus 13,52-57 é ainda mais claro, porquanto, além da referência a Maria mencionam que Jesus era filho do carpinteiro. Ora, essas observações sendo ditas pelos que moravam na nesta cidade demonstram que eles, por serem concidadãos de Jesus, o conheciam bem e a toda a sua família.

Algumas pessoas justificam que Jesus não teve irmãos pelo fato dEle ter dito a João, supondo-o o “discípulo que ele amava” (João 19,26), “Eis a sua mãe”. (João 19,27) e a Maria “Mulher, eis aí o seu filho”. (João 19,26), por esperarem que isso fosse dito a irmãos, caso Ele os tivessem. É exatamente essa a colocação de Huberto Rohden (1893-1981): “Se os tais irmãos de Jesus tivessem sido filhos de Maria, não se compreende por que Jesus, ao morrer, tenha entregue sua mãe aos cuidados de seu discípulo João; não se teriam esses filhos interessado por sua mãe? (ROHDEN, 4ª ed. s/d, p. 120). Embora reconheçamos no autor capacidade intelectual, milhares de vezes, acima da nossa, não vemos nisso um bom argumento, porquanto, o próprio Evangelho de João nos dá notícia que os irmãos de Jesus não acreditavam nele (João 7,5) e além disso o fato dEle ter sido crucificado poderia também ser outra causa de seus irmãos não estarem ao pé da cruz, certamente, tomados do medo de que destino semelhante lhes acontecessem. Se os próprios discípulos, ou seja, os que acreditavam em Jesus, o abandonaram, como esperar que seus irmãos que “não morriam de amores por Ele” manifestassem solidariedade ao Crucificado?

Ademais ainda temos uma outra razão para acreditar que, de fato, Jesus teve irmãos, que deixamos para citar agora o passo onde ela se encontra, visando destacá-la. Leiamos:
Lucas 2,4-7: “José era da família e descendência de Davi. Subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa”.
Se, de fato, Lucas agiu como diz no início do Evangelho que “[…] após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever para você uma narração bem-ordenada, excelentíssimo Teófilo” (Lucas 1,3), a designação de Jesus como “filho primogênito” de Maria só pode ser por considerá-lo o “primeiro filho”, já que o relato foi feito tempos depois do nascimento de Jesus e até mesmo de Sua morte, quando já se poderia saber quantos faziam parte de sua família.

Em se pesquisando na Bíblia o termo “primogênito” encontramos 76 ocorrências no A.T e 7 no N.T, não há um deles sequer que tenha outro sentido que não o de “primeiro filho”. Por outro lado, se Jesus fosse filho único, então deveria ter sido empregado o termo “unigênito”; aliás termo que só aparece no N.T. e por apenas seis vezes; porém, não é empregado para estabelecer Sua relação com a família, mas tão somente a de colocá-lo como sendo o filho unigênito de Deus, como se ele fosse o filho único e nenhum outro mais existisse. Mas em relação a Deus e não no sentido de família carnal.

Ademais por achar bem estranho que somente Lucas tenha qualificado Jesus como “primogênito”, aprofundamos a pesquisa e descobrimos que também Mateus usa o termo (Mateus 1,25); entretanto isso vai depender da tradução que tenhamos em mãos. Vejamos estes dados:


MATEUS 1,25

Traduções bíblicas
Teor
Bíblia de Jerusalém
Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o nome de Jesus”.
Paulinas 1957; SBB, SBTB, Barsa
E não a conhecia, até que deu à luz seu filho primogênito; e pôs-lhe e nome de Jesus”.

Paulinas 1977 e 1980
Não a conheceu até que deu à luz um filho, e pôs- lhe o nome de Jesus”.

Explica-nos o exegeta Russell Norman Champlin (1933- ):
“PRIMOGÊNITO” aparece em CDEKLMSUV, Gama, Delta, Fam PI (nas traduções KJ AC F M). A palavra é omitida em Aleph, B, Z, 1, 33a (vid), b, c, sah, cop, si e o pai Amb. Os melhores e mais antigos mss, juntamente com algumas traduções egípcias, latinas e siríacas, omitem “primogênito” aqui. A palavra foi tomada de empréstimo deLucas 2:7 (onde é autêntica), por alguns escribas. Todas as traduções usadas para comparação, neste comentário, em número de catorze (nove em inglês e cinco em português), omitem-na em Mateus. Ex., KJ AC F M. (CHAMPLIN, 2005a, p. 277, grifo nosso).
Então, temos que Jesus foi o primogênito de Maria, o que nos faz concluir que Ele foi o primeiro a nascer dos filhos e filhas de Maria e José.

Como os tradutores bíblicos católicos e protestantes explicam

Aqui, perceber-se-á quase que uma “acirrada guerra”; os católicos defendendo que Maria jamais teve outros filhos e os protestantes contra-atacam dizendo que os teve, sim.

a) católicos 
1. Dicionário Barsa (ao final da obra):
Irmãos. Propriamente indica o parentesco entre os filhos do mesmo pai e mesma mãe. Na Bíblia, algumas vezes, é aplicado o termo aos filhos do mesmo pai mas de mães diferentes, ou da mesma mãe de pais diferentes. No Gen 42,15 Benjamin é chamado irmão de Ruben e dos outros filhos de Jacó, embora tenha mãe diferentes, ao menos da de alguns deles. O termo é usado, na Bíblia, também para parentes mais distantes que os meios-irmãos, como sobrinhos, tios e primos de vários graus de parentesco (Gen 14,14; Lev 10,4; I Par 9,6). Até mesmo os membros duma mesma tribo são, algumas vezes, chamados de irmãos (2Sam 19,12; I Par 12,2), ou membros duma mesma nação (Gen 16,12; Ex 2,11; Dt 2,4.8). O termo é também aplicado aos amigos ou de algum modo associados (Jos 14,8; I Sm 30,23; 2 Sam 1,26; Am 1,9; etc.). Finalmente, por causa da descendência de todos os homens de Adão e Eva, qualquer homem pode chamar a outro de irmão (Gen 9,5; Mt 5,22; 7,3; Hebr 2,11).

No Novo Testamento, há referências aos “irmãos do Senhor” (Mc 3,31; Jo 2,12; 1 Cor 9,5; etc.). À luz do constante ensinamento da Igreja, Nossa Senhora permaneceu sempre virgem e, de fato, Cristo não teve pai carnal donde se conclui que essa expressão não indica que essas pessoas chamadas de “irmãos do Senhor” tivessem com Cristo, o mesmo pai e a mesma mãe. Diante de tantos exemplos citados acima (e de muitos outros), é claro que a palavra irmãos é empregada no seu significado mais amplo. Deste modo, esses “irmãos do Senhor” eram primos ou mesmo alguns parentes mais distantes de Nosso Senhor. (Dicionário Barsa, p. 137, grifo nosso).
2. Bíblia Vozes:
Mt 12,46-50: Em hebraico o termo “irmão” (ah) podia indicar qualquer parentesco, inclusive primo e sobrinho. As palavras de Jesus sobre a nova fraternidade servem para o evangelista concluir a secção. […]. (Bíblia Vozes, p. 1192, grifo nosso).
3. Bíblia de Jerusalém:
Mt 12,46: Há diversas menções de “irmãos” (e “irmãs”) de Jesus (13,44; Jo 7,3; At 1,14); 1Cor 9,5; Gl 1,19). Embora tendo o sentido primeiro de “irmão de sangue”, a palavra grega usada (adelphos), assim como a palavra correspondente em hebraico e aramaico, pode designar relações de parentesco mais amplas (cf. Gn 13,8; 29,15; Lv 10,4), e principalmente um primo-irmão (1Cr 23,22). O grego possui outro termo para “primo”anèpsios, ver Cl 4,10, único emprego deste termo no NT. Mas o livro de Tobias atesta que ambas as palavras podem ser indiferentemente usadas para falar da mesma pessoa: cf. 7,2 “nosso irmão Tobit” (adelphos ou anèpsiosconforme os manuscritos. Desde os Padres da Igreja, a interpretação predominante viu nesses “irmãos” de Jesus “primos”, de acordo com a crença na virgindade perpétua de Maria. Além disso, isto concorda com Jo 19,26-27 o qual deixa supor que, na morte de Jesus, Maria estava sozinha. (Bíblia de Jerusalém, p. 1726, grifo nosso).

Não filhos de Maria, mas parentes próximos, por exemplo, primos, que o hebraico e o aramaico também chamavam de “irmãos” (Cf. Gn 13,8; 14,16; 29,15; Lv 10,4; ICr 23,22s). Veja também Mt 13,55p; Jo 7,3s; At 1,14; 1Cor 9,5; Gl 1,19. (Bíblia de Jerusalém, p. 1862, grifo nosso).
b) protestantes
1. Dicionário da Bíblia Almeida
IRMÃOS DE JESUS: Os irmãos de Jesus por parte de mãe, filhos de José e Maria (Mt 13.55-56). Eles passaram a crer em Jesus depois de sua ascensão (Jo 7.1-5; At 1.14). (KASCHER e ZIMMER, 1999, p. 169, grifo nosso).
2. Dicionário Bíblico Universal – Buckland
IRMÃOS DO SENHOR. Aqueles de quem se fala em Mt 12.36 e 13.55, e outros lugares, como irmãos de Jesus, seriam os filhos de José e Maria? Segundo uma opinião que vem do segundo século pelo menos esses “irmãos de Jesus” era filhos de um primeiro matrimônio de José. Mais tarde foram, por alguns críticos, considerados primos do nosso Salvador. Podem, contudo, ter sido filho de José e Maria. Em todas as passagens, menos uma, em que esses irmãos de Jesus são mencionados nos Evangelhos, acham-se associados com Maria. Se era eles filhos mais velhos de José, não seria então Jesus o herdeiro do trono de Davi, segundo as nossas noções de primogenitura: Eles não acreditavam em Jesus no princípio de Sua missão, e até, segundo parece (Jo 7.5), depois que os apóstolos foram escolhidos; e por essa eles não puderam ser do número dos Doze, dos quais, na verdade, eles particularmente se distinguem, quando num período posterior são vistos na companhia deles (At 1.14). Não devem, portanto, ser confundidos com os filhos de Alfeu, embora tenham os mesmos nomes. (V. Tiago, Epístola de). Além disso, as palavras “filho” e “mãe”, sendo empregadas nesta passagem (Mt 13,44) no seu natural e principal sentido, semelhantemente devem ser tomados os nomes “irmão” e “irmã”, pelo menos, até ao ponto de excluir o termo “primo”. O fato de terem os filhos de Alfeu, bem como os irmãos do Senhor, os nomes de Tiago, José, e Judas, nada prova, visto que esses nomes eram muito vulgares nas famílias judaicas. Estranha-se que não fossem lembrados estes irmãos, quando Jesus confiou a sua mãe ao cuidado de João; mas isso explica-se pela razão de que a esse tempo ainda eles não criam Nele. A conversão deles parece ter sido quando se realizou a aparição de Jesus a Tiago, depois da Sua ressurreição (1Co 15.7). (BUCKLAND e WILLIAMS, 1999, p. 199-200, grifo nosso).
3. Bíblia Shedd
Mt 12.46-50: Jesus tinha quatro irmãos (mencionados pelo nome em Mc 6,3), além de um número de irmãs não especificadas. Sem base histórica, já tem sido negado serem, estes, filhos de José e Maria. As alternativas apresentadas são: estes poderiam ser primos de Jesus, filhos de Alfeu e de outra Maria, irmã da mãe de Jesus. Podiam, também, segundo, tais teólogos, ser filhos de José antes do casamento com Maria, Jo 7.5 e At 1,14 distingue-os dos filhos de Alfeu. Nota-se, também, que nas dez ocasiões em que sua presença se registra, estão sempre com Maria, mãe de Jesus. […]. (Bíblia Shedd, p. 1348, grifo nosso).
4. Bíblia Anotada
Mt 13.44. seus irmãosEstes eram os filhos de José e Maria, nascidos depois de Jesus, que nascera só de Maria. Vê-los como filhos de um primeiro casamento de José ou como primos de Jesus contraria o uso normal do termo “irmãos”. (Bíblia Anotada, p. 1204, grifo nosso).
Certamente, que o motivo que move os católicos a defenderem a não existência de irmãos de Jesus é, como já dito, o fato de se verem obrigados a defenderem o dogma de sua igreja sobre “virgindade de Maria”, antes, durante e depois do casamento (ou do parto), coisa, que à época, em que os Evangelhos foram escritos, não fazia o menor sentido. A base, como vimos, é uma passagem de Isaías que não é uma profecia e nem se relaciona a Jesus, o que faz, com que os protestantes, a nosso ver, estejam mais próximos da verdade.

Estudiosos

1) Russell Norman Champlin e João Marques Bentes (1932- )
Marcos menciona por nome quatro irmãos de Jesus (6:3), bem como um número indeterminado de irmãs. Muitos discutem a questão dos irmãos de Cristo, aqui mencionados. Alguns, pretendendo preservar a doutrina da perpétua virgindade de Maria, inventada pelos homens, apresentam as seguintes explicações: 1. Esses “irmãos” de Jesus eram seus primos, e não irmãos no sentido literal, como podem indicar as palavras gregas e hebraica para “irmãos”. Alguns sugerem que eram filhos de Alfeu e de Maria, a irmã de Jesus. 2. Seriam filhos de José mediante um casamento anterior; 3. Seriam filhos de José mediante um casamento posterior; e José teria contraído essas núpcias a fim de criar os filhos de um irmão seu, já falecido. Todas essas ideias tiveram início bem cedo na história eclesiástica, e até hoje perduram.

Os argumentos enumerados abaixo favorecem a ideia de que os irmãos e as irmãs de Jesus eram filhos de José e Maria, em seu sentido literal.

1. João 7:5 parece excluir “seus irmãos” do número dos “doze”, mesmo porque não eram realmente filhos de Alfeu, pai de Tiago, o apóstolo. Atos 1:14 também os menciona em separado dos doze. Portanto, esses homens (os irmãos) não poderiam, realmente, ser primos de Jesus e estar no número dos doze apóstolos. Os nomes Tiago, Judas e Simão eram nomes muito comuns, e é provável que alguns dos primos de Jesus tivessem os mesmos nomes de seus irmãos literais. As Escrituras também indicam que seus irmãos não tiveram fé nele senão após a sua ressurreição (João 7:5).

2. Das quinze vezes em que esses irmãos são mencionados (dez nos evangelhos, uma em Atos e algumas vezes nos escritos de Paulo) quase sempre são mencionadas em companhia de Maria, mãe de Jesus. É estranho que osprimos de Jesus andassem sempre em companhia de sua tia, que nesse caso seria Maria, mãe de Jesus, em vez de andarem em companhia de sua própria família.

3. Em nenhuma porção das Escrituras é indicado que eles fossem primos de Jesus ou filhos somente de José, e não de Maria. Tais suposições são especulações humanas para estabelecer e firmar uma teologia humana.

4. A não ser por motivo de preconceito teológico, não há razão para não acolhermos essas palavras em seu sentido mais natural, isto é, eram filhos de José e Maria, em seu sentido natural, isto é, eram filhos de José e Maria, em sentido literal. A elevação de Maria à estatura de deusa é uma tradição romanista, contrária ao próprio tratamento de Jesus à sua mãe (Mat. 12:47), onde ele não reconhece qualquer relação especial, devido à sua ligação física) e contrária à ideia que diz que Jesus era o único de sua espécie entre os homens, posição essa que ele jamais dividiu com sua mãe. Finalmente, devemos notar que a doutrina da perpétua virgindade de Maria não é apoiada nas Escrituras. A preservação dessa doutrina forma a base dos argumentos que explicam erroneamente esses “irmãos”, como se não fossem irmãos literais de Jesus; e também não goza de base alguma nas Escrituras. Parece ser razoável que uma doutrina dessa natureza, caso tivesse tanta importância como alguns afirmam, pelo menos fosse apoiada por uma pequena afirmação bíblica nesse sentido. (CHANPLIN e BENTES, 1995b, p. 683-684, grifo nosso).
3) Ernest Renan (1823-1892)
Mat., I,25 (texto recebido); XII,45 e seg.; XIII,55 e seg.; Marc. III,31 e seg.; VI, 3; Luc., II,7; VIII,19 e seg.; João, II,12; VII, 3,5,10; Atos, I,14: Hegésipa, em Eusébio H.E., III,20. A assertiva de que a palavra ah (irmão) teria um sentido mais amplo em hebraico do que em francês é totalmente falsa. O significado da palavra ah é idêntico ao da palavra “frère” (irmão). Os empregos metafóricos, ou abusivos, ou errôneos, nada provam contra o sentido próprio. Quando um pregador chama a audiência “meus irmãos” poder-se-á concluir que a palavra “irmão” não tem sentido bem preciso? Logo, é evidente que nas passagens anteriormente citadas a palavra “irmão” não aparece no sentido figurado. Note, em particular, Mat., XII,46 e seg., que exclui igualmente o sentido abusivo de “primo”. (RENAN, 2004b, p. 102, grifo nosso).
2) Carlos Torres Pastorino (1910-1980)
Quando seus “parentes” chegam, é que ficamos sabendo de quem se tratava: “sua mãe, seus irmãos e suas irmãs”.

A expressão “suas irmãs” está nos códices A, D, E, F, H, M, S, U, V, Gama, e na maior parte das antigas versões latinas; é aceita por Soden e Merck; Vogel e Nestle a colocam entre colchetes. Não aparece nos códicesAleph, E, C, G, K, Delta, Pi, 1, 13, 33 e 69 e na Vulgata, sendo recusada por Westcott-Hort, Souter, Swete, Lagrange e Pirot.

[…].

Quanto aos quatro irmãos de Jesus (Tiago, Judas Tadeu, Simão e José) e às duas irmãs (Maria e Salomé), já apresentamos o problema do parentesco no vol. 2.º, pág. 111-112. [é a transcrição que se segue]. (PASTORINO, 964c. p. 58).

[…] observamos a cena da entrega de Maria, Sua Mãe, ao discípulo amado, a fim de que ele cuidasse de Maria em lugar do próprio filho Jesus.

Anotemos, de passagem, que se Maria tivesse tido outros filhos, ou mesmo enteados (filhos do primeiro matrimônio de José), esse gesto de Jesus tem ensanchas de magoá-los profundamente. Daí termos aceitado, desde o início, a hipótese da expressão “irmãos de Jesus”, como sendo seus “primos-irmãos”. (1)
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(1) A palavra grega adelphós, “irmão”, referia-se também a “primos”, como lemos em muitos autores profanos (cfr. Herodoto. 1.65; 4.147; 6.94. etc.; Thucidides. 2.101, etc.; Strabão, 10.5.6, etc.), dando-se o mesmo com a palavra latina frater. Lemos em Cícero (De Fin; 5.1. 1): L. Cícero frater noster, cognatione patruelis, amore germanus, ou seja, “Lúcio Cícero nosso irmão, pelo parentesco primo, pelo amor, irmão”. E a definição do Digesto (38. 10. 1, § 6): item fratres patrueles, sorores patrueles, id est qui quaeve ex duobus fratribus progenerantur, “da mesma forma, primos-irmãos, primas-irmãs, os que e as que são gerados de dois irmãos”. Não esqueçamos que a palavra portuguesa “irmão”, assim como a castelhana “hermano”, são derivadas do latim germanus (proveniente de gérmen) e exprime aqueles que são da mesma origem, do mesmo germe, conforme já lemos mesmo em Plauto (Menaechmi, 1102): spes mihi est vos inventuros fratres germanos duos geminos una matre natos et patre uno uno die, isto é: “minha esperança é de que vos descobrireis irmãos autênticos gêmeos nascidos de uma mãe e de um pai, no mesmo dia”.

(PASTORINO, 1971, p. 155, grifo nosso).
Vê-se que nem mesmo os estudiosos se entendem sobre o assunto; alguns deles agem como defensores de suas crenças, coisa fácil de se aceitar de pessoas comuns, não de eruditos.

A suposição de que os “irmãos de Jesus” tenham sido filhos de José de um casamento anterior, como vimos citar aqui e no tópico anterior, tem, segundo acreditamos, como base os livros chamados Apócrifos, que o Aurélio define como: “Diz-se de obra sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou”.

No Proto-Evangelho de Tiago, tem-se que José teria dito quando supostamente foi o escolhido, por ser de viúvo, para desposar a virgem Maria: “Tenho filhos e sou velho, enquanto que ela é uma menina; não gostaria de ser objeto de zombarias por parte dos filhos de Israel” (TRICCA, 1995a, p. 111).

No A história do carpinteiro José, obra “escrita em grego – talvez no Egito – em fins do século IV” (TRICCA, 1995a, p. 195)Jesus conta a história de seu pai, José, de onde transcrevemos, do cap. II:
3. Este homem, José, uniu-se em santo matrimônio com uma mulher que lhe deu filhos e filhas: quatro homens e duas mulheres, cujos nomes eram: Judas e Josetos, Tiago e Simão, suas filhas chamavam-se Lísia e Lídia. 4. E a esposa de José morreu, como está determinado que aconteça a todo homem, deixando seu filho Tiago ainda menino de pouca Idade. 5. José era um homem justo e dava graças a Deus em todos os seus atos. Costumava viajar para fora da cidade com frequência para exercer o ofício de carpinteiro em companhia de seus dois filhos, já que vivia do trabalho de suas mãos conforme o que estabelecia a lei de Moisés. 6. Este homem justo, de quem estou falando, é José, meu pai segundo a carne, com quem se casou na qualidade de consorte, minha mãe, Maria. (TRICCA, 1995a, p. 198, grifo nosso).
O interessante é que nessa narrativa Jesus afirma que José é seu pai “segundo a carne”; como, então, tê-lo como gerado de forma sobrenatural? Note-se, também, que ele exercia o ofício de carpinteiro com “dois filhos”, dando a entender que tinha esses dois, não nominados, e Tiago, menino de pouca idade.

Então, possivelmente essa crença de José ter outros filhos vem dessas duas obras apócrifas, o que é algo inusitado, pois tomam de uma obra não inspirada para considerar como “irmãos de Jesus”, os filhos de José de um suposto casamento anterior. Será que não perceberam essa contradição?

A “irmã de Maria”

É óbvio que se Jesus teve primos estes teriam que ser filhos de um tio ou tia, ou seja, Maria, sua mãe, teria, pelo menos, um irmão ou irmã. Excluímos José dessa possibilidade visto, conforme os textos bíblicos, ele não ser o pai biológico de Jesus. A nossa surpresa é que encontramos no Evangelho de João (19,25) algo a respeito, embora estranhemos o completo silêncio dos autores dos Evangelhos sinópticos sobre este importante fato. Para os que acreditam em “primos”, em vez de “irmãos de Jesus”, João torna-se o “salvador da pátria” ao apresentar uma mulher como sendo irmã de Maria.

A novidade veio-nos pela Bíblia Barsa, quando, no Novo Testamento, se explica a questão dos irmãos de Jesus:
Mt 12.46. Irmãos, i.e. primos, de acordo com o valor da palavra nas línguas semitas. Aliás o próprio Evangelho chama a Tiago e José de irmãos de Jesus e indica o nome de sua mãe, Maria de Cleofas, irmã (ou prima) da Virgem Maria. (Cf. Mt 13,55; 27,56; Mc 15,40,47; Jo 19,25). (Bíblia Barsa, p. 12 do NT, grifo nosso).
Vejamos algumas das passagens citadas nessa explicação, nas quais se citam as mulheres que estavam ao pé da cruz:
Mateus 27,56: “Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”.

Marcos 15,40: “Aí estavam também algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de Joset, e Salomé”.

João 19,25: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz”.
Os autores Champlin e Bentes argumentam que a comparação entre os trechos Mateus e Marcos, identifica Salomé (Marcos 15,40) como a mãe dos filhos de Zebedeu (Mateus 27,56). (CHAMPLIN e BENTES, 1995f, p. 74). Aliás, estes dois Evangelhos só têm Maria de Madalena em comum com o autor de João, que, como sabemos, é o Evangelho mais tardio, em que a visão que nos traz de Jesus é mais divinizada, provavelmente, produto de influências culturais de outros povos.

Deve-se levar em conta que o versículo João 19,25 não está presente em 28 manuscritos, incluindo alguns do século III (P5 P22 P39 P45 P75); consta de apenas 6, em que os dois mais antigos (01 e 03) pertencem ao século IV, conforme se vê no Novo Testamento em grego, publicado pelo site http://nttranscripts.uni-muenster.de/AnaServer?NTtranscripts+0+start.anv [1]. E diante disso ficamos na dúvida se esse versículo não foi um acréscimo feito por uma “alma piedosa” visando criar as condições para que os “irmãos de Jesus” se tornassem “primos”. Essa hipótese nos parece razoável, pois foi exatamente no século IV, mais precisamente no ano de 325, quando do Concílio de Niceia, que se iniciou o processo de divinização de Jesus, até desembocar na instituição da Trindade cristã, que, na verdade, é também uma cópia de crença pagã.

Sabemos que causa espécie a alguns falar de acréscimos nos textos bíblicos, mas em O que Jesus disse? O que Jesus não disse? o autor Bart D. Ehrman apresenta uma prova (p. 54):


http://www.aeradoespirito.net/IMGart3/PN023.jpg

O texto de João, ora em exame, induz a considerar Maria de Cléofas (ou Clopas, ou Alfeu) como sendo a irmã de Maria; mas aqui o que temos é mais um problema de tradução:

JOÃO 19,25

Bíblias
Teor
Barsa, Paulinas 1957 e SBB
Entretanto estavam em pé junto à crua de Jesus sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena”.
SheddNTLH e Anotada
E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena”.

Observa-se que com a colocação de um “e”, antes da “Maria, mulher de Clopas”, muda-se todo o sentido, pois, de três mulheres, passaremos a ter quatro.

Explicações de Champlin e Bentes:
Diversas interpretações têm sido dadas a este versículo, quando o mesmo é comparado aos seus paralelos nos evangelhos sinópticos, no que diz respeito à identificação das mulheres citadas. Em primeiro lugar, devemos observar que a tradução portuguesa que usamos como base neste comentário (a tradução IV), conforme é citada acima, dá a impressão de terem estado presentes à cena da crucificação nada menos de quatro mulheres. Em segundo lugar, ela não identifica “Maria, mulher de Clopas” com a irmã de Maria, mãe de Jesus, pelo contrário, distingue as duas mulheres, inserindo a conjunção “e” antes da palavra “Maria”. E assim temos: “…a irmã dela (e não diz de quem) e Maria…”.

O motivo desse artifício de tradução é que os revisores devem ter pensado que seria extremamente difícil que, numa única família, houvesse duas irmãs com o mesmo nome – Maria. E, posto que nos manuscritos originais não foram usados sinais de pontuação, bastaria ser posta uma vírgula (que no caso agiria como substituta da conjunção “e”) antes de Maria, mulher de Clopas, para que houvesse o mesmo efeito de distinção. Assim se poderia distinguir a irmã de Maria de “Maria, mulher de Clopas”. A bem da verdade, é necessário que se diga que a primitiva versão siríaca “peshito” mostra-nos que desde bem cedo, na história da interpretação do texto sagrado, essa passagem era aceita como a indicar a presença de quatro mulheres, e não de três somente, ao pé da cruz.

Outras traduções e interpretações fazem com que pareça terem sido mencionadas apenas três mulheres neste trecho, sem falarmos no fato de que essa “Maria, mulher de Clopas”, aparece como irmã de Maria; ou, ainda em outros casos, como cunhada ou meio-irmã de Maria. Por isso é que a tradução portuguesa AC diz: “…estava sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléopas…”.

No que tange ao problema que dificilmente duas irmãs, numa mesma família, tenham recebido o nome de “Maria”, podemos responder que a outra Maria era, na realidade, meio-irmã de Maria, mãe de Jesus, ou então, suacunhadaEusébio, tomando por empréstimo uma ideia de Hegesipo, em sua História Eclesiástica (I,3, cap. 11), supõe que Clopas seria irmão de José, marido de Maria, mãe de Jesus, o que faz com que esta “Maria” seja cunhada de Maria, mãe de Jesus. Mas outros estudiosos têm pensado que essa Maria fosse irmã de José, e que assim é que ela vinha a ser cunhada de Maria não há maneira de evitarmos as meras conjecturas. A tradução portuguesa IB concorda neste caso com a tradução portuguesa AA, indicando a presença de quatro mulheres ao pé da cruz de Cristo.

Se reconhecermos a presença de quatro mulheres, na cena da crucificação de Cristo, então podemos fazer as seguintes observações:

irmã de Maria, cujo nome não é dado (pois se quatro mulheres são realmente mencionadas neste texto, então Maria, mulher de Clopas, não pode ser irmã de Maria), muito provavelmente era Salomé. E isso é até certo ponto confirmado na narrativa dos evangelhos sinópticos, que igualmente fornecem uma lista das mulheres que se fizeram presentes à crucificação. A diferença é que nos evangelhos sinópticos todos os nomes são mencionados, ao passo que, neste quarto evangelho, não é fornecido o nome da irmã de Maria. (Ver Marc. 15:40 e Mat. 27:56). A mulher que é identificada como “mãe dos filhos de Zebedeu” (Mat. 27,56), dessa maneira, é evidentemente chamada de “Salomé”, na narrativa paralela de Marc. 15:40. Salomé, assim sendo, seria a mãe de João e Tiago. E isso, por sua vez, significa que tanto o apóstolo João como sua mãe estiveram ao pé da cruz de Cristo, em companhia de Maria Madalena e de Maria, mãe de Jesus, além de uma outra Maria, “mulher de Clopas”. Isso, finalmente, significa que os apóstolos João e Tiago eram primos de Jesus.

outra Maria, pois, era ao mesmo tempo mulher de Clopas e mãe de um outro Tiago, que no trecho de Marc. 15:40 é chamado de “o Menor”, por ser de menor estatura que o outro Tiago, filho de Zebedeu, ou por ser mais jovem. Voltando a nossa atenção para essa outra Maria, averiguamos que ela era esposa de Clopas, que também é chamado “Alfeu”, porquanto esses dois apelativos parecem ser meras variações de um único nome hebraico. O trecho de Mat. 10:3 diz-nos que Tiago era filho de Alfeu, sendo provável que se trate do mesmo Tiago, filho de Clopas. Por isso é que os nomes Alfeu e Clopas têm sido confundidos e aceitos como nomes de uma única pessoa, pelo menos por parte de muitos intérpretes.

Entretanto, há estudiosos bíblicos que negam a possibilidade dessa identificação, os quais pensam que, afinal de contas, “Maria, mulher de Clopas”, não é a mesma Maria, mãe de Tiago e Joses. Todavia, durante toda a cena da crucificação de Jesus, essa Maria parece ser a mesma pessoa que aquela Maria, não havendo nenhuma razão sólida para duvidarmos disso:

Se essa “Maria, mulher de Clopas” ou Alfeu, era irmã de Maria, então Tiago, o Menor, e Joses, eram tambémprimos de Jesus. Entretanto, tudo isso está na dependência da identificação dessa “Maria” (do trecho de João 19:25) com aquela outra “Maria”, mãe de Tiago e Joses, que aparece nos evangelhos sinópticos. Alguns eruditos, todavia, duvidam da validade dessa identificação. Outrossim, a menos que a passagem de João 19:25 fale definidamente apenas de três mulheres, então essa Maria não é apresentada como irmã de Maria, por isso mesmo, não era parenta de Jesus em qualquer sentido; e, consequentemente, nem os seus dois filhos seriam parentes carnais do Senhor.

Os intérpretes que pensam que este versículo menciona apenas três mulheres, os quais também vinculam essa Maria (irmã da mãe de Jesus) com “Maria, mulher de Clopas” e mãe de Tiago, o Menor e Joses, pensam que esses homens eram primos do Senhor Jesus.

ESSE problema se complica ainda mais pelo fato de que o original grego não declara, de forma peremptoriamente clara que essa Maria era “mulher” de Clopas; pelo contrário, segundo era costumeiro no grego, nesses casos de relações familiares, diz simplesmente “de Clopas”, o que poderia ser “mãe”, “irmã” ou “filha” de Clopas. E neste caso não estaríamos tratando do caso da mesma Maria, mulher de Alfeu. Não obstante, a tradução “mulher”, neste versículo, é a que goza de maiores probabilidades.

Posto que o nome “Maria” era extremamente comum nos tempos de Jesus, visto que Clopas talvez não seja Alfeu e em face do fato de que várias narrativas se derivam de fontes informativas separadas, podendo identificar diferentes pessoas por nomes similares ou mesmo iguais, é-nos impossível asseverar, com absoluta certeza, quem era exatamente essa “Maria”, ou se era ou não irmã de Maria, mãe de Jesus, ou se Tiago, o Menor e Joses eram ou não primos do Senhor Jesus. Por essa razão é que encontramos bons eruditos defendendo um ou outro lado da questão. A posição deste comentário, embora apenas na forma de tentativa, é que a “Maria” aqui aludida é a mesma “Maria” mencionada nos evangelhos sinópticos, onde aparece como mãe de Tiago, o Menor e Joses, e mui provavelmente, trata-se da mesma Maria esposa de Alfeu (Alfeu e Clopas seriam a mesma pessoa); mas que Tiago, o Menor e Joses não eram primos de Jesus, porquanto a narrativa de João alista quatro mulheres ao pé da cruz, e esta Maria não é irmã de Maria, mãe de Jesus, mas antes, Salomé, a qual, apesar de não ser chamada por nome no evangelho de João, é identificada por nome nos evangelhos sinópticos. (ver Mat. 27.56 e Marc. 15:40). (CHAMPLIN, 2005b, p. 618-619, grifo nosso).
James D. Tabor faz algumas considerações, que trazendo mais lenha para a fogueira; vejamo-las;
[…] Mas João reconhece explicitamente a presença de Maria, mãe de Jesus, o que nos permite identificar, com uma boa margem de segurança, a mulher a quem Marcos se refere como “Maria, mãe de Tiago e Joses” como sendo Maria, mãe de Jesus. Quem é então a “nova” terceira Maria – mulher de Cléofas? Quem é Cléofas? Essa Maria é identificada como a “irmã” de Maria, mãe de Jesus – mas qual é a probabilidade de que duas irmãs, da mesma família, tenham o mesmo nome?

Comecemos por Cléofas, já que sabemos alguma coisa sobre ele. Como explicaremos em detalhe mais tarde, quando Jesus morreu, deixou a seu irmão Tiago o encargo de seus discípulos. Tiago foi assassinado em 62 d.C., e nossos primeiros registros falam que ele foi sucedido por um homem idoso, conhecido como “Simão, filho de Cléofas”. Sabe-se ainda que esse Cléofas era irmão de José, marido de Maria. (9) Nesse caso, é inteiramente possível que nossa misteriosa Maria, mulher de Cleófas, mãe de “Tiago e Joses”, fosse a cunhada de Maria, casada com o irmão de seu marido José. Essa foi a solução adotada pela Igreja há alguns séculos. Mas reparem, nesse caso, há alguma coisa estranha:

COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS “MARIAS”
Maria casada com José
Maria casada com Cléofas, irmão de José
Tiago-Joses-Simão
Tiago-Joses-Simão

Quais são as probabilidades reais de que essas duas mulheres, ambas chamadas Maria, fossem elas irmãs ou cunhadas, casadas com irmãos, tivessem filhos com os mesmos nomes, nascidos na mesma ordem: Tiago, Joses e Simão?

O que mais parece plausível é que a “Maria, mãe de Tiago e Joses”, de Marcos, fosse a mesma Maria que era mãe de Jesus, e que o evangelho de João (ou quem o editou) tenha criado uma terceira Maria, mulher de Cléofas, na verdade, a mesma mulher – para ocultar o fato de que a mãe de Jesus, Maria, depois da morte de José se casou com Cléofas, o irmão dele. Uma versão de João escrita claramente diria

Ao pé da cruz, havia sua mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena.

Isso estaria perfeitamente de acordo com Marcos e não criaria esse absurdo de cunhadas com o mesmo nome, tendo filhos como nomes idênticos e até com o mesmo apelido, “Joses”, nascidos na mesma ordem. Segundo essa reconstrução, as três mulheres ao pé da cruz seriam provavelmente:
1. Maria Madalena
2. Maria, a viúva de José, que se casou com Cléofas, seu irmão
3. Salomé, que pode ser tanto a irmã de Jesus quanto a mãe dos filhos de Zebedeu
Um detalhe sobre Cléofas apoia essa interpretação. Seu nome vem da raiz hebraica chalaph, que significa “mudar” ou “substituir”. Ela está na origem do termo “califado”, que se refere a uma sucessão dinástica de governantes. Provavelmente, esse não é seu primeiro nome, mas uma espécie de apelido. Ele é quem deveria substituir seu irmão José, que morreu sem filhos. Cléofas é ainda mencionado em outra parte, sob a forma grega de seu nome –Alfeu. Seu primogênito é comumente conhecido como “Tiago, filho de Alfeu” ou “Tiago, o jovem”, para diferenciá-lo do Tiago, filho de Zebedeu, o pescador, irmão do apóstolo João. (10).

A partir dessa informação, começa a emergir uma imagem inteiramente diferente, mas historicamente coerente. Jesus nasceu de um pai desconhecido, mas não era filho de José. José morreu sem filhos, de modo que, segundo as leis judaicas, “Cléofas” ou “Alfeu” se tornou seu “substituto” e se casou com sua viúva, Maria, mãe de Jesus. Seu filho primogênito, Tiago, o irmão que sucedeu a Jesus, tornou-se legalmente conhecido como “filho de José”, tendo adotado o nome de seu falecido irmão, de maneira a perpetuá-lo. Isso significa que Jesus tinha quatro meio-irmãos e pelo menos duas meio-irmãs, todos nascidos de Maria, mas com outro pai.

Essa é uma maneira plausível de reconstruir os fatos. Há certas coisas que jamais conheceremos com certeza absoluta. Cléofas é mencionado uma só vez em todo o Novo Testamento (João 19:25). (11) Se ele e seu irmão José eram muito mais velhos do que Maria, é bem provável que nenhum deles estivesse vivo quando Jesus se tornou adulto. Isso pode ainda ser constatado no evangelho de João quando Jesus, o filho mais velho da família, pouco antes de sua morte, entrega a mãe aos cuidados de um misterioso “discípulo a quem ele amava”, cujo nome João prefere calar (João 19:26). Mais adiante, darei provas de que essa pessoa é provavelmente Tiago, seu irmão, o mais velho da família depois de Jesus. Seja ele quem for, o fato de que Jesus entregou sua mãe aos cuidados de outra pessoa significa que ela era viúva. Temos de lembrar que os evangelhos são, antes de tudo, relatos teológicos da história de Jesus, escritos uma geração ou mais depois de sua morte. Quando se trata da família de Jesus, há coisas que eles não explicam e outras que parecem suprimir deliberadamente. […].

O que podemos afirmar com algum grau de certeza é o seguinte: José não é o pai de Jesus, e a gravidez de Maria por um homem desconhecido foi “ilegítima”, segundo as leis sociais. Jesus tinha quatro meio-irmãos e duas meio-irmãs, todos filhos de Maria, mas de outro pai – fosse ele José ou seu irmão Cléofas. […].
_______
(9) Isso é do escritor do século II Hegésipo, que preserva para nós algumas das mais valiosas tradições primitivas sobre a família de Jesus (Eusébio, Church History 3.11).
(10) Consulte Marcos 3:18 d 15:40.
(11) Um Cléopas é mencionado em Lucas 24:18, mas ele não parece ser a mesma pessoa, e os nomes em grego são diferentes.

(TABOR, 2006, p. 94-97).
Pastorino tinha como certo que Tiago, filho de Alfeu e de Maria, era irmão de José, de Simão e de Judas Tadeu, e que todos eram chamados “irmãos de Jesus” (Pastorino, (PASTORINO, 1964b, p. 81). Não conseguimos saber qual fonte em que se baseou para dizer que José, Simão e Judas Tadeu eram irmãos de Tiago. O que conseguimos, com base nos textos bíblicos, é que:

– Judas, afirma ser irmão de Tiago, (Jd 1);

– Tiago (o Menor) é filho de Alfeu (Mt 10,3; Mc 2,14; Lc 6,15; At 1,13);

– Levi (Mateus) é filho de Alfeu (Mc 2,14).

Então os filhos de Alfeu e Maria são: Tiago, Judas e Levi, codinome de Mateus.

Existiram ainda, pelo menos, mais dois personagens com o nome de Tiago:

– Tiago, irmão do Senhor (Gl 1,19) - Na carta de Tiago “o mesmo se apresenta como Tiago, o irmão do senhor (cf Mc 6,3), que dirigia a igreja de Jerusalém” (Pastoral, p. 1561);

– Tiago (o Maior), filho de Zebedeu, irmão de João (Mt 4,1).

Novamente, recorrendo a Pastorino, transcrevemos:
Agora as confusões.

Em João (19:25) esse mesmo Tiago é dito “filho de Maria, a esposa de Clopas”. Seria Clopas o mesmo nome que Alfeu, como supõem alguns? ou teria ele um nome hebraico Halphai e um nome grego Klopas (abreviatura deKleópatra – donde a variante Kleópas, o que o identificaria com um dos “discípulos de Emaús”, Luc. 24:18)? Esta parece a hipótese mais razoável, pois era muito comum na época a duplicidade de nomes (João se tornava Jasão, Phaltiel se tornava Filipe, Levi era Mateus, etc.). Esse Clopas, citado em João, é dito “irmão de José” (esposo de Maria) por Hegesipo, pelos meados do 2.º século (a cerca de 100 anos dos acontecimentos) conforme testemunho de Eusébio (Hist. Ecles. 3, 11, in Patrol. Graeca, vol. 20, col. 248) e segundo Epifânio (Haeres. 78, 7, inPatrolGraeca, vol.42, col. 708).

Pensam alguns que Maria, esposa de Clopas, era irmã de Maria mãe de Jesus. Mas como se explicaria o caso de duas irmãs com o mesmo nome? Além disso, a enumeração de João (19:25) é bem clara: “estavam ao pé da cruz de Jesus” 1) a mãe dele; 2) a irmã da mãe dele; 3) Maria, esposa de Clopas; e 4) Maria Madalena. Pela construção e pelo andamento da frase grega, “Maria esposa de Clopas” não pode ser aposto de “a irmã da mãe dele”: são duas pessoas distintasCuriosidade: quem seria essa “tia” de Jesus, irmã de Maria? Teria sido (simples hipótese!) Joana, a esposa de Cusa, o oficial de Herodes, que foi buscar Jesus em Caná para curar-lhe o filho (conhecendo-o bem familiarmente, portanto, antes mesmo de sua “vida pública”)? Além disso, a intimidade constante de Joana de Cusa com Jesus e com o colégio apostólico é suficiente para dar justificativa a essa hipótese, não de todo infundada, se bem que nova.

Neste caso, os quatro (Tiago, José, Simão e Judas) seriam primos-irmãos de Jesus, parentesco que costumava ser abreviado com a simples palavra “irmão”.

A afirmativa de alguns apócrifos e dos “pais” da igreja Orígenes, Epifânio, Gregório de Nissa, Hilário, Ambrósio e Eusébio, de que eles teriam sido filhos de José, num primeiro matrimônio (contra o que protestou energicamente Jerônimo), não pode ser aceita; pois não se compreenderia que José tivesse casado com Maria, enquanto sua primeira esposa estava ainda viva (tanto assim que estava ao pé da cruz de Jesus) e sobretudo seria inconcebível essa promiscuidade das duas esposas. Isso explica também que as “irmãs de Jesus” (Mat 13:55-56), que segundo Teofilacto se chamavam Maria e Salomé, deviam ser filhas ou de Alfeu-Clopas, ou de Joana de Cusa (em nossa hipótese). Talvez essa Salomé, irmã (prima) de Jesus, fosse a esposa de Zebedeu (Mr. 15:40) e então Tiago Maior e João seriam seus sobrinhos e por isso estavam sempre a seu lado e o tratavam com tanta familiaridade, retribuída por Jesus que os apelidou com fina ironia “filhos do trovão”. (PASTORINO, 1964b, p. 81-82, grifo nosso, exceto os termos que também estão sublinhados).
Na relação dos doze apóstolos conforme os Sinópticos encontramos um deles com o nome de Simão:
Em MateusSimão, chamado Pedro e seu irmão André; Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu; Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus; Tiago, filho de Alfeu e Tadeu; Simão, o Cananeu e Judas Iscariotes. (Mateus 10.1-4).

Em Marcos: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes. (Maros 3,16-19).

Em Lucas: Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes. (Lucas 6,13-16).
A nossa impressão é de que ao citar o nome Simão após o de Tiago, que está relacionado a “filho de Alfeu”, confundiu-se esse personagem como também sendo filho de Alfeu. Dos mencionados irmãos de Jesus – Tiago, José, Simão e Judas – somente o nome de José não aparece na lista dos apóstolos, uma prova de que esses nomes eram mesmo bem comuns, fácil, portanto, de se fazer confusão entre quem seriam os seus pais.
Conclusão

Acreditamos ter apresentado dados suficientes para que você, caro leitor, possa fazer um juízo do assunto, ao qual não se pode deixar de levar em conta esse pensamento de Orígenes de Alexandria (185-254): “[…] O rigor da crítica exige uma busca longa e precisa, um exame de cada ponto, depois dos quais, com vagar e precaução, podemos afirmar que estes autores dizem a verdade e aqueles outros mentem sobre os prodígios que narram. […]”. (Orígenes, 2004, p. 440).

A nossa opinião, percebida ao longo desse estudo, é que não vemos razão alguma para que Maria e José não tivessem outros filhos, pois isso era bem comum àquele época, em que se considerava uma mulher como boa esposa se ela gerasse muitos filhos ao marido. Pobres das estéreis!

As razões que nos apresentam são sempre de ordem teológicas, nas quais claramente se vê o atavismo humano, sempre querendo perpetuar (ainda que neguem isso), crenças pagãs como se fossem verdades novas e exclusivas de sua fileira religiosa. 

[1] John 19,25Not Present in P2 P5 P6 P22 P28 P36 P39 P44 P45 P52 P55 P59 P63 P75 P76 P80 P84 P90 P93 P95 P106 P107 P108 P109 P119 P120 P122 P128;Present in P60 P66 P121 01 02 03.

Paulo da Silva Neto Sobrinho
Jul/2014

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