segunda-feira, 14 de março de 2016

O CONCEITO DE "INFERNO” NO JUDAÍSMO.

O CONCEITO DE "INFERNO” NO JUDAÍSMO.



De acordo com a crença cristã, o Inferno é um local governado por Satanás, o Diabo, e seus habitantes estão sujeitos às punições infligidas num lugar de fogo e enxofre.
O Novo Testamento descreve a natureza deste lugar em diversas ocasiões:

Mateus 8:12
- Mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.

Mateus 25:41
- Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.

Apocalipse 14:10-11
– E aquele beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm descanso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome.

De acordo com o Novo Testamento, para as almas condenadas a viverem lá, o inferno é um lugar de trevas, fogo, enxofre, e lagos de fogo, onde choro, ranger de dentes e tormento são uma constante.
Opiniões sobre a eternidade do inferno variam entre as denominações cristãs.
Muitos ensinam que o inferno é eterno.
Alguns acreditam que o inferno é apenas temporário, e depois de servir o seu tempo lá, as almas são destruídas.
Outros acreditam que depois passar o seu tempo no inferno as almas estão reconciliados com D’us e admitidas ao céu.
A Igreja Católica Romana vê o inferno não como um lugar, mas um estado de separação de Deus resultado da morte em pecado sem arrependimento e aceitação do Seu amor misericordioso.

A população do inferno é formada pelas almas daqueles que estavam fora da Graça de Deus quando morreram, isto é, pessoas que morreram em pecado e sem arrependimento, incluindo todos os "maus" cristãos e todos aqueles que não professaram o cristianismo, independentemente de como eles se comportaram durante sua vida, assim como Satanás, o Demônio e seus anjos (os demônios).
No “fim dos tempos", as almas e os corpos dos condenados ao inferno se reunirão e permanecerão lá para serem atormentados, mas nunca serão consumidos pelo fogo que é eterno.
Apocalipse 21:8
- Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; que é a segunda morte. [Veja também Apocalipse 20:10 acima]

O conceito Judaico de "inferno

O conceito judaico sobre o inferno é bastante diferente do que comumente se acredita ser um beco sem saída - uma conseqüência eternamente dolorosa de uma vida espiritualmente falida. A palavra hebraica "Gehinom" não tem uma tradução exata, mas aproxima-se bastante da palavra "inferno." Gehinon, na verdade, é um processo de restauração e recuperação, não uma condição permanente. A alma que chega ao Gehinom pode ser comparada a uma pessoa que inicia uma terapia, purgando-se da negatividade e preparando-se para enfrentar seu verdadeiro eu.

Como explicou o cabalista do século dezessete, Rabi Naphtali Bacharach: "Gehinom é como uma esponja: suga a negatividade que se impregnou durante a jornada da alma na terra, permitindo que a alma retorne a seu estado original." Portanto, Gehinom é uma estação de aprendizado - um processo por meio do qual uma alma termina por progredir - que possibilita à alma ser uma com sua Fonte.

O que é uma alma? O dicionário a define como "a parte espiritual de um ser humano, sobre a qual se acredita que continue a viver depois da morte do corpo." No judaísmo, a alma é considerada como "um pedaço do Infinito," que, por meio da vida, coleciona experiências, emoções e pensamentos que permanecem em sua memória.

A vida é vivida plenamente quando o corpo e alma estão em harmonia. O judaísmo vê as necessidades básicas como manifestações da alma. Os desejos por um significado, intimidade e conforto não são ignorados ou reprimidos, mas expressos em um contexto veemente e equilibrado. É por este motivo que a Torá, o plano de D'us para a vida, focaliza as ações físicas. Não é um código penal; ao contrário, é uma fórmula para a alma domar as forças do corpo para que cumpram sua missão na terra.

Os seres humanos nascem puros. "Muito boa" - é assim que a Torá descreve a criação da humanidade (Bereshit 1:31). A alma foi, é e sempre será uma propriedade Divina. Embora às vezes possamos obscurecer esta pureza, terminaremos por voltar àquele estado. Com a morte, os elementos físicos do corpo retornam a sua fonte, ao passo que a alma retorna a Sua Fonte. "O pó retornará à terra como era, e o espírito retornará a D'us Que o concedeu" (Cohêlet 12:7). O misticismo judaico explica onde, quando e como ocorre esta reunião.

A harmonia entre corpo e alma durante a vida determina as experiências da alma depois da vida. Se uma alma é equilibrada e realizada, entra num estado de Gan Eden (paraíso), onde a alma é reunida com sua Fonte, destituída de ego, dor e ressentimento. Para as pessoas que estão conectadas a sua alma, a morte não é de forma alguma dolorosa. O Zohar ensina que quando uma alma deixa seu corpo, surge a Shechiná (Presença Divina feminina), e a alma sai em júbilo e amor para saudá-La. Talvez isso explique por que quase todas as pessoas que alegam terem passado por uma experiência de quase-morte vêem uma luz brilhante e descrevem grande felicidade. Se, durante sua estada na terra, a alma tornou-se arraigada e imersa em materialismo, a Shechiná se afasta, e a alma inicia este processo sozinha. Parte deste processo é a percepção de que o corpo tem enganado a alma durante todo o tempo.

"Uma pessoa é medida" - afirma o Talmud - "pela sua própria avaliação." O corpo e a alma estão em um relacionamento e uma pessoa escolhe qual deles guiará as decisões da vida. Por fim, todas as almas passarão por esta reunião, tanto com seus entes queridos, como com a Fonte de onde se originou cada alma.

Bendito seja o Eterno, o D’us de Israel.

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