sábado, 19 de março de 2016

Concilio de Niceia



Concílio de Niceia e a criação do Jesus Super ­herói Concílio de Niceia e a criação do Jesus Super­ herói Esse artigo sobre a vida de Constantino I, o imperador mais importante da história do Império Romano.
Constantino obteve uma vitória esmagadora sobre o seu rival oriental Licínio, tornando­ se o governante único do império.
 Esse confronto deixou ainda mais claro para o novo imperador a importância da religião para a manutenção da paz. Agora com o controle total nas mãos e sem nenhum rival direto ao trono, Constantino tinha todo o tempo do mundo para pensar em maneiras de solidificar seu poder. Mesmo sem ter sido batizado, uma das primeiras medidas tomadas por ele foi afirmar o direito do imperador em intervir e exercer autoridade absoluta sobre todas as decisões relacionadas à Igreja.
 Constantino associou de maneira irreversível a Igreja ao Estado. Para derrotar todas as outras religiões, era necessária a criação de uma ortodoxia definida, isto é, a formulação de uma opinião correta para que todas as outras pudessem ser rejeitadas. Paganismo O termo pagão teve origem no vocábulo em latim paganus, que se refere “àquelas pessoas que vivem no campo”.
No período em que Constantino unificou o Império, a parte oeste ainda era composta fortemente por uma maioria pagã. O calendário de festejos anuais era todo baseado em tradições e crenças pagãs. Enquanto isso, no leste, o Cristianismo ganhava mais e mais espaço, principalmente na região norte da África e no Oriente Médio. Talvez devido às suas raízes pagãs, o imperador Constantino não foi responsável pelo inicio do meticuloso extermínio em massa dos adeptos do paganismo que viria a ser arquitetado num futuro próximo pela Igreja.
 Entretanto, durante seu longo reinado, a maior parte dos bens e riquezas contidos nos templos pagãos foi confiscada e transferida para igrejas cristãs. Festivais sexuais e a tradição dos sacrifícios também foram estritamente proibidas. Festival pagão da Bacanália Festival pagão da Bacanália Constantino estipulou políticas governamentais que forneciam generosos incentivos fiscais, políticos e financeiros para aqueles que contribuíssem com a construção de igrejas, ao mesmo tempo em que os templos pagãos eram invadidos e saqueados.
 Constantino entendia mais do que ninguém a importância da unidade religiosa do Império. A única forma de manter sua dinastia no poder de Roma durante anos, mesmo após a morte poderia ser alcançada através de uma religião única, sólida e sem contradições. Era preciso formular um código, estipular um conjunto de padrões considerados corretos, definir os traços de conduta ideais a ser seguidos por um cristão.
O cristianismo não poderia ser mutável como as doutrinas pagãs, pois correria o risco de ser substituído por uma nova tendência anos mais tarde. Com essa proposta em mente, Constantino passou a intervir livremente e com total poder nos processos de fundação da estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana e da imagem da figura conhecida como Jesus. Arianismo Por incrível que pareça, a maior ameaça ao projeto de unidade religiosa do Império Romano visualizado por Constantino não viria do paganismo, mas de disputas filosóficas internas do clero católico.
O conflito ideológico mais importante intermediado por Constantino teve origem na cidade de Alexandria, no Egito. Durante essa época, essa cidade era o centro cultural, filosófico e teológico do Império. Grandes mentes viajavam para lá em busca de mestres que pudessem ajudá-los na busca pelo conhecimento. Um desses mestres era o presbítero cristão Ário.
Segundo a sua teoria, Jesus não era da mesma substância que Deus, mas sim a emanação mais pura do Pai a ter vivido na Terra. Tal conceito não era novidade para uma boa parte dos filósofos e, inclusive, para alguns dos discípulos de Jesus. Como você viu no artigo sobre o Evangelho de Tomé e a Busca do Conhecimento, o próprio Tomé enxergava Jesus como um homem “comum”, mas dotado de um espírito divino e imortal.
Essa teoria recebeu o nome de Arianismo, em homenagem ao seu mais fiel partidário. [favor não confundir com a ideia da raça superior proposta por Hitler durante a agressão nazista] Ao mesmo tempo em que ganhava força, o Arianismo também conquistava um grande número de inimigos. O mais ávido combatente dessa teoria foi o bispo Alexandre. Indignado com a proposição da ideia de que Jesus não era Deus, o bispo iniciou uma política de repressão ao que, de acordo com suas concepções, só poderia ser uma forma vil de heresia.
Com o passar do tempo, a disputa ideológica tomou proporções gigantescas, contribuindo para a expansão do Arianismo por quase toda a parte leste do Império. Constantino percebeu que deveria agir imediatamente ou poderia presenciar o inicio de revoltas capazes de afetar a unidade religiosa de Roma. Concílio de Niceia Visando resolver de uma vez por todas as intrigas ideológicas internas da Igreja, Constantino enviou um convite aos mais de 1.800 bispos de todo o Império Romano para comparecer ao primeiro concílio ecumênico da história.
 Na verdade, era mais do que um mero convite. Os bispos que desejassem comparecer a reunião teriam seu transporte e todas as despesas da viagem pagas pelos cofres do império. Localizada na parte Oriental do Império, a cidade de Niceia foi escolhida para a realização do concílio devido ao seu posicionamento geográfico que favorecia o deslocamento dos bispos orientais. Afinal, o Arianismo era o tema principal a ser discutido no evento.
 Apesar de todas as mordomias fornecidas por Constantino, um número ínfimo de membros da Igreja Ocidental compareceu ao concílio, pois o dilema contido no Arianismo ainda não tinha despertado o interesse do Ocidente. O próprio Papa Silvestre optou por não comparecer ao concílio, enviando dois mensageiros oficiais para Niceia. Isso mesmo, o membro mais importante do clero não compareceu ao concílio que formulou as primeiras diretrizes oficiais a serem seguidas pela Igreja. O Concílio de Niceia teve sua abertura solene no dia 20 de junho de 325. Não se sabe ao certo o número total de bispos que compareceram ao evento, pois nenhum documento oficial conseguiu sobreviver à passagem dos anos, e se sobreviveu está muito bem guardado na Biblioteca do Vaticano.
Todas as informações obtidas sobre o concílio estão presentes nas obras de testemunhas oculares e foram escritos alguns anos depois do fim do concílio. Curiosamente, o personagem principal da história não pode comparecer ao concílio. Com base em denúncias emitidas por rivais poderosos, Ário encontrava-se exilado na Nicomédia durante o evento.
Como era de se esperar, o Arianismo foi o primeiro tema a ser discutido pelos membros do concílio. Eusébio de Nicomédia, ávido defensor das ideias de Ário, teve a palavra inicial e discursou sobre o conceito do Arianismo e os ensinamentos seguidos por ele e seus companheiros. Logo após, foi à vez do bispo Alexandre receber a oportunidade de apresentar suas críticas contra o Arianismo. A primeira ideia proposta por Constantino consistiu na produção de um documento, fazendo uso dos textos sagrados do cristianismo, demonstrando claramente que o filho não é uma criatura, mas o próprio Deus encarnado.
Naquela época, ainda não existia a compilação de livros conhecida hoje como Bíblia. Cada cidade possuía uma coletânea de textos considerados favoritos pela população. Como cada apóstolo partiu para regiões diferentes espalhando a palavra de Jesus, textos variados foram criados e cada grupo cristão possuía a sua própria coleção de livros sagrados. Essa estratégia não deu certo, pois tanto os defensores do Arianismo como os opositores encontraram validações para seus argumentos nos textos sagrados. Semanas se passaram sem o menor resquício de um possível acordo entre as partes. Contudo, o imperador Constantino não estava interessado em debates metafísicos sobre a figura de Jesus. O que lhe causava preocupação era a turbulência político ­religiosa que este impasse estava causando na estrutura do Império Romano. Jesus Super ­herói Cansado de tentar obter uma solução diplomática e mais preocupado com a união do Império do que a com união de Deus, Constantino percebeu que a quantidade de membros do clero contra o Arianismo era um pouco superior e emitiu o voto de minerva esperando obter um desfecho que fosse aceitável pelo maior número de bispos possível.
O imperador sugeriu a criação de um termo que indicaria a afirmação da divindade de Jesus, uma união absoluta entre o Pai e o Filho. A palavra criada foi “homoousius” que significa “da mesma natureza”. Para oficializar tal decisão, Alexandre e os outros bispos desenvolveram uma oração onde o termo homoousius estaria incluso e que, ainda hoje em dia, é ensinada a todas as crianças durante a primeira eucaristia: o Credo de Niceia.
 Pode ­se perceber que o objetivo do credo é não deixar nenhuma brecha para a interpretação ariana. [leia na íntegra no final do artigo] Medidas políticas também foram tomadas. Ário e seus principais partidários foram exilados meses após o concílio. O Arianismo foi classificado como uma doutrina herética e todos os bispos que continuassem a propagar as ideias propostas por Ário receberiam a excomunhão da Igreja. Dessa forma, com base na decisão unilateral do estrategista Constantino, cujo principal interesse era acalmar os ânimos exaltados dos bispos da Igreja que tinha ajudado a construir, Jesus deixou de ser considerado como um homem e passou a ser oficialmente definido como feito da mesma substância que Deus.
Jesus Deus Tal decisão abriu um precedente que contribuiu para a perseguição religiosa, execução de “hereges” e destruição de patrimônio intelectual exercida pela Igreja durante os milênios seguintes. Todos aqueles que acreditavam no conceito de Jesus como semelhante passaram a sofrer uma forte repressão religiosa. Todos os textos que apresentassem detalhes da vida de Jesus indicando características humanas passaram a ser classificados como textos apócrifos, cuja leitura estava explicitamente proibida e, em sua grande maioria, foram destruídos pelo fogo. É por esse motivo que muitas pessoas acreditam na ideia de que os livros da bíblia foram selecionados durante o Concílio de Niceia. Apesar disso não ser inteiramente verdade, podemos perceber como a decisão de Constantino influenciou drasticamente a futura composição do livro sagrado do Cristianismo. Analisando por uma perspectiva política, é possível compreender porque Constantino posicionou ­se contra as ideias de Ário.
É muito mais fácil controlar uma população fiel à crença de que Jesus é um ser diferenciado, nada comparado ao cidadão comum, do que uma população confiante na ideia de que todos somos irmãos de Jesus, em níveis diferentes na escala da evolução espiritual, mas com o mesmo corpo físico utilizado por Jesus durante sua vida na Terra. Após a resolução sobre o tema do Arianismo, o concílio ainda durou algumas semanas e outras decisões importantes foram tomadas durante o restante do evento.
 O domingo passou a ser considerado o dia sagrado do descanso, substituindo o sábado. Também é possível perceber a influência de Constantino nessa decisão, afinal, como vimos nos primeiro artigo, ele era um profundo devoto do deus solar Apolo. Nada mais justo do que transformar o dia do sol no dia mais sagrado da nova religião do seu império. A questão da Páscoa também foi discutida durante o concílio e uma data oficial para a realização dos festejos foi fixada. Além disso, cerca de 20 cânones (regras) de disciplina eclesiástica foram criados e passaram a ter efeito imediato sobre os membros do clero.
 Constantinopla Com o enfraquecimento do Arianismo, as disputas ideológicas dentro da Igreja perderam força devido ao rígido combate exercido contras as doutrinas “heréticas” após o precedente aberto em Niceia. Constantino compreendeu a dificuldade de remover as crenças pagãs intrínsecas na tradição romana. Por esse motivo, a cidade de Roma não poderia mais ser o centro do Império. O imperador precisava de uma capital onde fosse possível obter uma comunhão integral entre Estado e Igreja.
Sete anos antes de falecer, Constantino decidiu construir a mais imponente cidade do Império Romano. Localizada em um ponto comercial estratégico na região da metade oriental do império, a cidade de Bizâncio, de maioria cristã, viria a ser totalmente reconstruída, tornando-se a mais gloriosa cidade da época. A fundação solene da nova capital aconteceu no dia 11 de maio de 330, sendo batizada com o nome de Constantinopla. Constantinopla.
 Apesar de manter as aparências para evitar revoltas em Roma, Constantino sabia que o centro de poder do Império Romano seria transferido para lá. O imperador construiu muralhas grandiosas e passou a distribuir trigo gratuitamente para a população, o que contribuiu para alcançar a marca dos 500 mil habitantes num piscar de olhos.
Comprovando a profecia, trinta e um anos após assumir o poder do Império Romano, Constantino veio a falecer no dia 22 de maio de 337, deixando o controle do Império nas mãos de três filhos e um legado que rompeu as barreiras do tempo, influenciando bilhões de pessoas ao redor do mundo. Credo de Niceia “Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis”. Em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai.
 Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos. Cremos no Espírito Santo.
Mas quantos àqueles que dizem: ‘existiu quando não era’ e ‘antes que nascesse não era’ e ‘foi feito do nada’, ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja Católica anatematiza.”



Nenhum comentário:

Postar um comentário