domingo, 27 de março de 2016

As Contradições Inconciliáveis do Novo Testamento:



As Contradições Inconciliáveis do Novo Testamento:
O Problema da Genealogia de Jesus em Mateus e Lucas Uma das bases da crença religiosa na divindade de Jesus e na sua relação com as profecias do Antigo Testamento é o fato de ele vir de uma linhagem real, afinal, o Novo Testamento parece afirmar que ele descende do Rei Davi. Mas uma análise detalhada da Bíblia mostra que essa afirmação não pode ser feita de forma segura, nem mesmo no âmbito da fé. As Contradições em Lucas e Mateus Nos evangelhos de Mateus e Lucas, existe toda uma genealogia de Jesus, mostrando que ele possui sangue real, sendo descendente de Davi. Mas existe um problema simples nessa história, mas que acaba causando sérios problemas: as duas genealogias não concordam entre si. Mateus leva a regressão da família de Jesus até Abraão, enquanto Lucas regride até Adão (!).
 Bom, à primeira vista isso não representa sérios problemas, afinal, uma genealogia só vai mais atrás ao tempo do que a outra. Nada demais. Agora, confira uma parte do esquema da genealogia em Mateus, depois em Lucas: Mateus: José – Jacó – Eleazar – Matã – Eliud Lucas: José – Eli – Matat – Levi – Melqui
 Essa foi só uma ilustração em que não é de suma importância saber a relação específica entre os indivíduos, mas note que elas diferem mesmo assim. Agora, note outra característica, dessa vez no evangelho de Mateus, que revela outra inconsistência. Já disse aqui que a genealogia de Mateus nos leva até a geração de Abraão;, mas o interessante é que usa marcos significativo da história de Israel, marcando entre cada um deles 14 gerações (Mateus 1:17). Observe: ­ De Abraão a Davi, o maior Rei de Israel (14 gerações).
 De Davi até a destruição de Judá pelos babilônios, a maior tragédia em Israel (14 gerações) ­ Da destruição ao nascimento de Jesus (14 gerações) Analisando criticamente, podemos encontrar uma série de falhas. Mateus usa como uma de suas fontes, a Bíblia hebraica, assim lendo esse livro estará lendo a base de alguns escritos do evangelho de Mateus. Na descrição que vai de Davi até a tragédia provocada pelos babilônios, Mateus deixa alguns nomes de fora que constam no Antigo Testamento.
Além disso, no terceiro marco existem 13 gerações, e não 14. O Significado das Diferenças Quando se trata de diferenças entre versões de textos antigos, devemos levar em conta algumas possibilidades que se encaixam no modo como esses textos eram produzidos. Antes de os copistas altamente qualificados da Igreja Católica assumirem a responsabilidade pela maioria das cópias de textos, eles eram copiados por devotos cristãos e judeus, na maioria das vezes analfabeta. Isso, naturalmente, significa que a probabilidade de essas cópias saírem perfeitas é nula, ou quase isso.
 Aliado a esse fator, temos também o fato de que a atividade de copiar longos textos era uma tarefa cansativa e não raro, acontecia de os copistas pularem linhas, trocarem palavras ou omitirem alguma, mesmo sem querer. Agora, consideremos uma versão modificada dos últimos tipos de erros: muitas vezes, palavras, linhas e trechos inteiros eram omitidos, trocados ou modificados por interesse ideológico do copista. Com base nessas informações, já é possível compreender um pouco melhor o motivo pelo qual a diferença na extensão das genealogias ocorreu. Não é por acaso que a de Mateus vá até Abraão e a de Lucas, até Adão. Responda rápido: quem foi Abraão? Se você pensou suficientemente rápido e corretamente, deve ter respondido que Abraão foi o primeiro judeu, o patriarca do judaísmo. Agora, tente responder rápido quem foi Adão, segundo as religiões monoteístas. Adão foi o primeiro ser humano, e, diferentemente de Abraão, ele não era judeu. Baseado nessas interpretações, você está pronto para esboçar uma explicação.
 A provável razão para essas diferenças é que o evangelho de Mateus – como várias outras partes nos levam a crer – é o evangelho mais pró-judaísmo do Novo Testamento. Portanto, para reforçar o judaísmo de Jesus, ele cria um marco na genealogia do nazareno, que é o fim da genealogia no primeiro judeu, Abraão.
 E em relação a Lucas? Bom, sabemos que Lucas era companheiro de Paulo em suas pregações, portanto, tratasse de um homem que não conheceu Jesus, e que seguia um homem – Paulo – cuja mensagem tentava direcionar o cristianismo à humanidade (gentios), não preferencialmente aos judeus. Assim, a ênfase da genealogia de Jesus em Lucas recai sobre Adão, que é um homem até então sem uma religião específica, para todos os efeitos, um gentio. Isso faz com que o foco do leitor não mais recaia sobre o fato de Jesus ser judeu e pregar para judeus, mas para o teor universal de sua mensagem.
 Agora, sobre as 14 gerações que Mateus faz questão de pontuar, mesmo através de omissões e outras modificações, por que exatamente ele usa o número 14? Por que não 10, por exemplo? O que os teólogos e historiadores que se dedicam a esse ponto em específico concluem é que o número 14 tem relação com o significado do número 7, que para os judeus é um número sagrado. Portanto, 14 são duas vezes sagrado, já que é o dobro de 7. Assim, Mateus quis ressaltar o significado numerológico das gerações no sentido de que a cada 14 gerações um evento importante acontecia, e na última, o evento importante é o nascimento de Jesus. Um Problema Fundamental Por último gostaria de ressaltar um problema que está na nossa fuça o tempo todo, mas de tão óbvio, poucos reparam.

Fui alertado para esse problema há um tempo, mas até hoje penso em como não reparei nisso antes. Trata-se do seguinte: os evangelhos de Lucas e Mateus nos dizem que Jesus é descendente de Davi, e para isso indicam a genealogia de Jesus, tendo como referencial seu pai, José. Mas uma das ideias centrais do cristianismo não é a de que Jesus nasceu de uma virgem, e que seu verdadeiro pai é Javé? Sendo assim, como que Jesus pode ser descendente de Davi por intermédio de José, que não é seu verdadeiro pai? Essa questão parece ser tão perturbadora que os poucos religiosos com os quais conversei sobre isso, não conseguiram me dar uma explicação coerente. E você, o que acha?

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